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Ucrânia e Ômicron Geram Turbulência nos Mercados de Títulos e Ações

Publicado 25.01.2022, 10:50
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Uma tempestade perfeita gerada pela iminente alta de juros nos EUA, inflação persistente, disparada de infecções pela variante ômicron da Covid-19 e a possibilidade cada vez maior de invasão da Rússia na Ucrânia pesou sobre o sentimento dos investidores, fazendo-os vender ativos de risco e buscar títulos do governo americano.

Os mercados acionários afundaram e entraram em território de correção antes de se recuperarem no fim do pregão de segunda-feira, com a Otan colocando tropas de prontidão para defender a fronteira leste da Ucrânia contra uma incursão da Rússia, fato considerado cada vez mais provável pelos serviços de inteligência. Os EUA e o Reino Unido começaram a retirar seu corpo diplomático de Kiev, capital ucraniana, evacuando suas famílias e pedindo que seus cidadãos deixem o país. Além disso, Washington colocou 8500 tropas em alerta máximo.

EUA a 10 anos - semanal

O rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano continuou recuando ontem, alcançando 1,71%, antes de repicar para 1,77% no fim da sessão. Na semana passada, o retorno (yield) desses papéis alcançou 1,89%. Os yields se movem em direção contrária aos preços, portanto o declínio indicou que os investidores estavam buscando a segurança dos títulos governamentais.

Com a queda do rendimento da nota de 10 anos, o retorno dos papéis de 2 e 5 anos subiu cerca de um quarto de ponto percentual, em antecipação à elevação de juros do Fed para combater a inflação.

Na semana passada, analistas culparam a alta dos yields pela liquidação no mercado acionário. O retorno desses papéis parece ser um presságio de uma inflação persistente e de juros maiores, enquanto o Federal Reserve age tardiamente para conter a inflação. Mas a atividade de segunda-feira parecia ser mais motivada pela saída de recursos dos ativos de risco.

Tensões geopolíticas geram disputa no mercado de títulos

As tensões geopolíticas criaram um senso de urgência nos mercados financeiros, na medida em que a resposta vacilante dos EUA começa a transparecer certo apaziguamento e temor de que, apesar de toda a retórica, Washington cruzará os braços caso Moscou avance sobre a Ucrânia.

A China também ameaça agir militarmente, ao enviar seu maior contingente de caças até agora no ano para sobrevoar Taiwan. O ministro da defesa da ilha afirmou que 39 aviões haviam entrado na zona de defesa do seu espaço aéreo. Taiwan acionou seus próprios caças para monitorar a incursão e ativou seus sistemas de defesa com mísseis.

Na Europa, o rendimento dos títulos governamentais da zona do euro também recuou em meio às tensões envolvendo a Ucrânia. Parlamentares italianos começaram a votar para presidente em um complicado procedimento que requer uma maioria de dois terços até o quarto turno. O mais provável é que o primeiro-ministro Mario Draghi vença o pleito, o que não deve ocorrer antes de quinta-feira, e a Itália é sempre boa em reservar alguma surpresa.

Ao mesmo tempo, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) prepara-se para uma reunião crucial, com ampla expectativa de que anuncie sua primeira alta de juros desde dezembro de 2018 a partir de março, depois de acelerar a redução das suas compras de ativos.

O comitê de política monetária dos EUA também pode indicar quando começará a enxugar seu portfólio de títulos, ao reduzir o reinvestimento de papéis que estão vencendo.

O índice composto de gerentes de compras da IHS Markit, indicador de atividade econômica anunciado na segunda-feira, atingiu a mínima de 18 meses em janeiro, caindo para 50,8 de 57,0 em dezembro, um sinal de expansão marginal, com espaço para uma virtual estagnação da economia. IHS Markit atribuiu a desaceleração a atrasos nas cadeias de fornecimento e escassez de mão de obra, gerados, em grande parte, por infecções e restrições contra a Covid.

Atraso nas indicações ao conselho do Fed

O conselho de governadores do banco central americano continua desfalcado, com quatro cadeiras vagas por atrasos nas indicações, ainda pendentes de confirmação pelo Senado, além de dois assentos designados a bancos regionais que ainda buscam novos presidentes.

O Fomc está estruturado de forma a conceder permanente maioria para os sete membros do conselho sediado em Washington, contra cinco membros votantes de bancos regionais. Isso geralmente tem pouca importância, na medida em que o consenso é o que rege o comitê, mas a situação atual mudou, já que há cinco presidentes de bancos regionais votando ao lado de quatro membros do conselho.

 

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