A cada temporada, o FMI promove um encontro com várias autoridades, acadêmicos, técnicos de governo, banqueiros, e divulga o seu relatório “Perspectivas Econômicas Mundiais” (WEO, em inglês). Diante deste documento, nós da Lopes Filho nos atualizamos um pouco mais sobre como se encontra a economia global.
Sobre a economia global. Na visão do FMI, parece superado o pior da crise de 2008/09 e pode ingressar num ciclo de crescimento mais acelerado nos próximos anos. Neste 2017 deve crescer 3,6% e em 2018 3,7%, superando 2016 (3,2%). Para a instituição, a recuperação das economias avançadas, como Zona do Euro e Japão, e dos emergentes, como China, estão puxando o crescimento global. Cabe salientar que os dois países avançados citados ainda não mexeram nos seus programas de troca de títulos e moeda, ainda injetando crédito nas suas economias. Em relação aos EUA, o que predomina são incertezas, por não se saber como Donald Trump deve conduzir suas políticas públicas. O tal mega pacote fiscal, com redução de impostos para alta renda, segue em discussão no Congresso. Para este ano, lá o FMI projeta crescimento de 2,2% e no ano que vem, de 2,3%.
Sobre os riscos para a economia global, um deles se refere às incertezas das medidas de Trump nas áreas regulatória e fiscal. Para o Fundo, a recuperação da economia global pode não ser consistentemente sustentável no longo prazo, “considerada incompleta em três níveis: dentro dos países, entre os países e ao longo do tempo”. Dentre os problemas podemos citar: os baixos níveis salariais, as desigualdades de renda e a polarização nos empregos (pessoas mais capacitadas conseguem boas vagas, ao contrário das menos). Analisa que 75% dos países estão participando do processo de recuperação acelerada, mas 25% acabam fora, o que deve gerar tensões mais à frente. Destes, temos na América Latina a Venezuela, e países no Oriente Médio e na África. Importante estar atento, também, aos focos de tensão geopolítica que o governo Trump tem colocado no horizonte, com o imbróglio com o ditador Kim da Coreia do Norte.
Sobre os emergentes, o Fundo prevê crescimento de 4,6% neste ano, puxado pela China crescendo 6,8%. No caso da Índia, a projeção acabou reduzida, de 7,2% para 6,7%. De boa notícia temos o Brasil e a Rússia saindo do pior da recessão recente, crescendo 0,7% e 1,8%, respectivamente. Para o ano que vem, o Brasil deve crescer 1,5%. Uma safra abundante e a demanda se recuperando, com o FGTS dos inativos, ajudam a explicar esta recuperação, mas preocupa a “incerteza política”.
Para a América Latina, depois de uma retração de 0,9% em 2016, neste ano é previsto algum avanço, de 1,2%, com os seguintes países saindo da recessão, além do Brasil: Argentina, Equador e Belize. No caso da Argentina, cabe destacar a boa gestão de Maurício Macri, tendo, inclusive, melhorado na demanda por produtos brasileiros, com destaque para os automóveis.
Outros comentários. Na avaliação do FMI, dúvidas maiores recaem sobre como deve se comportar a economia brasileira em 2018. Para eles, há uma “restauração gradual de confiança” e a aprovação das reformas “precisa garantir a sustentabilidade fiscal de longo prazo”. No entanto, continua preocupante o açodamento dos ânimos no terreno político. Para este ano o crescimento do Brasil parece dado, não havendo dúvidas sobre 0,7%.
No que se refere ao mundo, o FMI colocou os EUA, Zona do Euro, Japão e China como destaques, mas ressaltou que o ambiente de incertezas nos EUA, com o discurso contraditório de Donald Trump e o pacote fiscal em gestação e, ainda, os riscos geopolíticos, seguem vivos no horizonte.
