Membros do BCE discutem risco de inflação ficar abaixo da meta

Publicado 06.06.2025, 10:57
Atualizado 06.06.2025, 11:01
© Reuters. Sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt, na Alemanhan06/03/2025nREUTERS/Jana Rodenbusch

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - Membros do Banco Central Europeu comemoraram a vitória sobre a inflação descontrolada nesta sexta-feira, mas alguns alertaram que agora o nível da alta dos preços corre o risco de ficar muito baixo, reacendendo as lembranças das fracas pressões inflacionárias na década anterior à pandemia da Covid-19.

Na quinta-feira, o BCE cortou a taxa de juros pela oitava vez desde o ano passado e sinalizou pelo menos uma pausa no afrouxamento da política monetária no próximo mês, uma vez que a inflação agora está de volta à meta de 2%, depois de três anos acima dela.

Parte do argumento para a pausa é que o crescimento econômico está melhor do que se temia, uma premissa sustentada por novos dados que mostram que a economia da zona do euro cresceu 0,6% no primeiro trimestre, acima dos 0,3% estimados anteriormente, e que as vendas no varejo também foram robustas.

Entretanto, o forte crescimento é uma anomalia, segundo muitos economistas.

A expansão foi impulsionada por exportações antecipadas para os Estados Unidos antes do início da aplicação de tarifas e os dados foram distorcidos pela Irlanda, onde o crescimento é fomentado em grande parte pela atividade de grandes empresas estrangeiras sediadas no país por motivos fiscais.

O membro Mário Centeno, de Portugal, que há muito tempo vem alertando sobre o risco de o crescimento dos preços ficar baixo, disse que seus pares devem ficar atentos ao fato de a inflação ficar muito abaixo da meta de 2%.

"A taxa de inflação (na zona do euro) está atualmente abaixo de 2% e essa tendência de queda se agravará até o início do próximo ano, quando se aproximará do nível perigoso de 1%, ou um pouco acima disso", disse ele em Lisboa. "Esse é um cenário que deve nos alertar", disse ele.

Olli Rehn, da Finlândia, disse que há um risco especial com a escalada da guerra comercial com os EUA e que a perspectiva é tão complexa que o cenário adverso do BCE não pode levar em conta todos os resultados.

"Por exemplo, sérias turbulências nas cadeias de oferta e nos mercados foram excluídas da análise", disse Rehn em um comunicado.

Parte do motivo pelo qual a inflação pode cair é o fato de que a Alemanha, a maior economia do bloco, ficará estagnada neste ano, marcando o terceiro ano de crescimento zero ou negativo, já que a recuperação prevista há muito tempo continua sendo adiada.

Embora o novo governo da Alemanha planeje aumentar drasticamente os gastos fiscais com defesa e infraestrutura, isso não impulsionará significativamente o crescimento até o fim de 2027, disse o banco central alemão ao reduzir as projeções de crescimento para este ano e o próximo.

Outros membro adotaram uma visão mais benigna e mais alinhada com a visão do BCE de que a inflação se recuperará e atingirá a meta de 2%.

"A meta de inflação de 2% do BCE foi essencialmente alcançada", disse Madis Müller, da Estônia.

"O crescimento econômico esperado para os próximos dois anos também deve ser bastante moderado, o que significa que não há motivo para se preocupar muito com a pressão dos preços relacionada ao aquecimento do ambiente econômico."

Martins Kazaks, da Letônia, disse que também está confortável com as perspectivas e defendeu que o BCE faça uma pausa nos cortes dos juros, em parte para preservar o espaço para outras reduções e aguardar novos dados.

"Não acho que o mercado deva esperar que a trajetória de corte dos juros continue em todas as reuniões", disse ele à Reuters. "Não há necessidade e há valor em manter o espaço para movimentos."

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