Publicado originalmente em inglês em 16/12/2020
Maior operadora de telecomunicações dos EUA, a AT&T (NYSE:T) (SA:ATTB34) está fazendo seus investidores se questionarem sobre seu futuro. Após a empresa sediada em Dallas, Texas, realizar uma enorme estratégia de aquisições alavancadas na última década, a companhia está enfrentando dificuldades para encontrar seu lugar no mundo pós-pandemia, onde está enfrentando diversas ameaças competitivas.
A conexão sem fio da AT&T caiu para o terceiro lugar neste ano, depois que a T-Mobile (NASDAQ:TMUS) (SA:T1MU34) adquiriu a Sprint Corp. A empresa havia lançado recentemente o HBO Max, sua tentativa de competir em um mercado que está mudando rapidamente para o modelo de streaming de vídeo, mas o campo de batalha ficou mais acirrado diante do enorme sucesso das ofertas da Walt Disney Company (NYSE:DIS) (SA:DISB34) no segmento.
Enquanto a concorrência aumenta tanto no segmento wireless quanto de entretenimento, a AT&T precisa lidar com uma enorme carga de dívidas com ativos que estão perdendo valor. O Wall Street Journal fez uma reportagem, na semana passada, informando que a gigante de mídia de telecomunicações recebeu ofertas de compra da sua unidade DirecTV que avaliaram o serviço de TV via satélite em mais de US$ 15 bilhões, incluindo a dívida. Compare esse valor à compra que a AT&T fez da DirecTV em 2015 por cerca de US$ 49 bilhões, ou US$ 66 bilhões incluindo o endividamento.
Esses problemas, tanto estruturais quanto cíclicos, estão punindo os acionistas da AT&T. O desempenho dos papéis da empresa deixou muito a desejar nos últimos cinco anos, desvalorizando-se 15% só nos últimos 12 meses.
Para os investidores que gostam do elevado dividend yield de 7% da empresa, é difícil decidir se este é o melhor momento para comprar o papel, principalmente quando seus negócios estão sob pressão e o futuro é incerto.
Alguns sinais de recuperação
Neste ano, a AT&T viu sua receita encolher por causa da pandemia, que afetou suas vendas de serviços sem fio e do departamento de negócios publicitários. As vendas despencaram 9% e 5% no 2º e 3º tri de 2020, respectivamente, enquanto sua divisão Warner Media sofria com a falta de lançamentos teatrais e as menores receitas provenientes de jogos e outros fluxos de renda.
Apesar desse cenário obscuro, há sinais de que os esforços de recuperação da empresa estão ganhando ritmo como parte de um acordo entre a companhia e seu investidor-ativista Elliott Management Corp., um fundo de hedge com participação de US$ 3,2 bilhões na companhia.
Os esforços da AT&T de se livrar da unidade DirecTV, que só dá prejuízo, integram o plano de reestruturação que está sendo imposto pela Elliott. Os negócios de TV paga já perdeu milhões de assinantes nos últimos anos, já que os telespectadores estão mudando para serviços de entretenimento sob demanda, como Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34). Os prejuízos da AT&T com a TV por assinatura estão muito acima dos registrados por concorrentes, como Comcast (NASDAQ:CMCSA) (SA:CMCS34) e Dish Network (NASDAQ:DISH) (SA:D1IS34).
O novo CEO da AT&T, John Stankey, quer se livrar de quaisquer negócios que tirem a atenção da empresa de Dallas do seu core business, que é a conexão sem fio, a banda larga e a o streaming de vídeo, de acordo com o WSJ.
“Ainda temos oportunidades de reajustar nosso portfólio”, afirmou Stankey em uma conferência com investidores, segundo o UBS Group, na semana passada.
“Vamos continuar tomando decisões difíceis se necessário”.
Em outubro, a AT&T vendeu sua participação na Central European Media Enterprises por U$ 1,1 bilhão, além da venda de edifícios comerciais e uma participação no serviço Hulu, da Disney. Também levantou US$ 2 bilhões com a venda dos seus negócios de telefonia em Porto Rico no início do mês.
Essas transações ajudarão Stankey a reduzir a alavancagem da empresa e os custos anuais de US$ 6 bilhões, parcialmente através do corte de empregos. Mas a grande questão é quanto tempo levará para essa gigante ajustar sua base de ativos e colocar a companhia de volta nos trilhos do crescimento sustentável, principalmente no lucrativo mercado de streaming, no qual a AT&T acaba de ingressar.
Resumo
Apesar do bom rendimento das ações da AT&T e seu excelente histórico de pagamento de dividendos, os investidores precisam ter cautela para se posicionar no papel. O lançamento neste ano do serviço de streaming da companhia, o HBO Max, não conseguiu gerar tanta empolgação como o Disney+.
Diante da forte alavancagem da empresa e do ambiente de streaming altamente competitivo, as ações da AT&T continuam vulneráveis. Os investidores avessos ao risco devem evitar suas ações, pelo menos por enquanto.