De acordo com o Índice do Varejo Stone (NASDAQ:STNE), após registrar alta animadora no primeiro mês do ano, o volume de vendas do varejo no Brasil perdeu fôlego e apresentou uma queda mensal de 0,9% em fevereiro. O resultado negativo é reforçado nas análises setorial e regional e acompanha sinais iniciais de arrefecimento no mercado de trabalho.
Entre os segmentos analisados no relatório, apenas dois apresentaram singelo crescimento: Material de Construção (0,7%) e Móveis e Eletrodomésticos (0,2%). Já Produtos Alimentícios, um dos segmentos de maior peso na composição do índice, apresentou uma queda de 2,6% em relação ao mês passado.
O segmento também voltou a registrar perdas relevantes com relação ao ano anterior, um resultado que pode estar intimamente relacionado à inflação. Em especial, a inflação de alimentos atingiu, em janeiro, 7,5% no acumulado dos 12 meses anteriores.
Olhando os resultados regionais, também se observa uma piora expressiva com relação a janeiro, quando 20 estados registraram aumento das vendas do varejo. Em fevereiro, foram registradas apenas quatro altas, todas menores que 2%. Além disso, todos os estados do Sul registraram quedas e o único resultado não negativo no Sudeste foi o Espírito Santo, com uma variação nula (0%).
O arrefecimento que é visto no varejo nacional parece acompanhar os sinais recentes de desaceleração do mercado de trabalho, com a leve subida do desemprego para 6,5%, segundo a PNAD, e uma queda no ritmo de crescimento da criação de empregos formais, com um saldo de vagas cerca de 15% menor em janeiro deste ano, em comparação ao ano anterior, de acordo com dados do CAGED.
Quando somamos a esse cenário a, já citada, inflação e um panorama recente marcado por elevados níveis de endividamento das famílias, o que se vê é uma confluência de fatores que contribuem para a redução da renda disponível, afetando a capacidade de consumo. Isso também reflete, por exemplo, no Índice de Confiança do Consumidor, do FGV IBRE, que voltou a registrar queda em fevereiro, atingindo o seu menor nível desde agosto de 2022.
Mas, nem todos os resultados do mês foram negativos. O índice digital teve um crescimento mensal de 0,4% em fevereiro, com um aumento de quase 11% em relação ao ano passado. O bom resultado do digital sugere que a diversificação dos canais de venda pode ajudar o varejista em cenários mais adversos.