De acordo com o Índice do Varejo Stone (NASDAQ:STNE), o volume de vendas no comércio varejista registrou leve alta mensal, de 0,6%, em abril. Esse resultado quebra uma sequência de dois meses de queda, mas não é suficiente para recuperar totalmente as perdas dos meses anteriores. Com isso, o que se percebe é que o varejo segue operando em níveis baixos.
Ao contrário do mês anterior, em que apenas o segmento de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo registrou alta, neste mês o setor foi o único a registrar queda mensal (2,2%).
Um segmento que vem se destacando positivamente no ano de 2025 é o de Combustíveis e Lubrificantes, que teve em abril uma alta mensal de 0,6% e uma alta anual (comparação com o mesmo mês do ano anterior) de 5,8%, mantendo o setor atuando em níveis elevados quando comparado a 2024.
A comparação com o ano passado, contudo, não tem sido muito positiva para a maioria dos segmentos analisados. O início do ano foi mais desafiador para Artigos Farmacêuticos, Móveis e Eletrodomésticos e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico. O setor de Material de Construção, por sua vez, vinha tendo um início de ano mais promissor, mas o resultado de abril interrompeu três meses consecutivos de ganhos com relação a 2024.
Os pontos positivos do resultado do mês foram o crescimento mensal de 5,3% no comércio digital, acompanhado de um leve aumento (0,3%) também no comércio físico. Na análise regional, destaca-se o crescimento do volume de vendas em todos os estados da região Sul, porém, assim como na análise setorial, a maioria das altas registradas em abril não revertem as perdas do mês anterior, em especial nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que tinham registrado perdas relevantes em março.
Quando olhamos o cenário do varejo em perspectiva com os indicadores macroeconômicos, uma leitura de que a leve alta de abril indicaria uma certa estabilidade, encerrando uma desaceleração, ainda parece prematura.
Dados da PNAD sustentam a tendência de desaceleração do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego subindo para 7,0% em março. Além disso, o CAGED indica uma diminuição de 62% no saldo positivo de criação de empregos, reforçando a percepção de arrefecimento do mercado de trabalho também pelo lado do mercado formal.
A inflação, medida pelo IPCA (5,48% no acumulado dos últimos 12 meses em fevereiro), e o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida (subindo para 27,3% em fevereiro) também apontam para uma situação de desaceleração da atividade econômica. O arrefecimento no mercado de trabalho, somado a política de juros restritiva e a incerteza no cenário global, se refletiram no Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), da FGV, que subiu 4,6 pontos em abril.
Apesar disso, o Índice de Confiança do Comércio (ICOM), do FGV/IBRE, apresentou alta em abril, após quatro meses seguidos de queda. Esse resultado parece indicar uma melhora na calibragem do pessimismo no setor, mas é importante observar que, em médias móveis trimestrais, o Índice registrou nova queda (0,6 ponto). O panorama, portanto, corrobora uma leitura de cautela para o setor varejista nos próximos meses.