Na semana encurtada pelo feriado da sexta-feira santa os mercados acionários cederam frente a uma crescente preocupação do risco geopolítico após o presidente dos Estados Unidos ter atacado posições do Estado Islâmico no Afeganistão e ameaçado a Coréia do Norte – movimentando embarcações militares para próximo do país.
Os principais índices de commodities consolidaram dentro do mesmo intervalo da semana anterior e entre os componentes do CRB os grãos e metais preciosos foram os ganhadores, enquanto entre as matérias-primas que pior performaram estão o cacau, o suco de laranja e os metais industriais.
O café não foi a lugar algum, inicialmente tentando sustentar acima de US$ 140.00 centavos por libra, para no dia do vencimento das opções de maio ceder US$ 2.00 centavos e se manter dentro do mesmo intervalo de preços que se encontra desde o final de fevereiro. A indefinição, ou volatilidade histórica baixa, ajuda quem andou vendendo volatilidade nos últimos dois meses.
Fundamentalmente muitos analistas continuam apontando para um quadro global de déficit no ciclo que está para começar, sendo que um banco e uma casa corretora trabalham com uma “falta” ao redor de 4 milhões de sacas. Com estoques mundiais relativo ao consumo em níveis historicamente baixos, o espaço para perdas praticamente não existe, motivo (creio eu) que tem atraído proteções de altas constantes no “pit” de opções.
A proximidade da entrada da safra conilon no Brasil preocupa quem tomou a decisão de segurar a venda desta variedade, estratégia que para se pagar vai precisar de alguns sustos durante o inverno no hemisfério sul ou um apetite de compra mais agressivo pela indústria local. O estoque de passagem na principal origem vai ser assunto longo a ser debatido nos próximos meses, ainda mais caso as exportações não caiam no final da safra 16/17.
A CECAFÉ divulgou o total embarcado em março em 2.7 milhões de sacas, bem menos que há um ano, mas mantendo um ritmo melhor do que se imaginava. O Vietnã no mesmo mês exportou mais, ou um total de 2.8 milhões de sacas.
As origens do arábica têm corrido para encaixar seus cafés no destino, seja nas mãos dos dealers, dos torradores ou via certificação na bolsa – o último considerando o número de sacas pendentes de classificação da ICE.
O relatório do CFTC indicou os fundos comprando novos contratos de café até a terça-feira última (dia 11 de abril), com um incremento de venda dos comerciais, provavelmente quando o terminal negociou acima de US$ 140.00 centavos no período considerado dentro dos dados.
Se continuarmos a ver vendas de origens aparecer em qualquer respiro do mercado, no curto-prazo a bolsa perde um poder de reação e os fundos podem voltar a pressionar os preços atraindo uma nova onda de venda por parte dos especuladores.
Do ponto de vista de moedas um fortalecimento do dólar americano em geral, provocado por algum nervosismo dos investidores em um crescente desconforto com as investidas de Trump, também seria baixista para as commodities. O café especificamente não favorece uma posição vendida, comparando o baixo potencial da baixa com o de um rally, caso tudo não favoreça a colheita, produção brasileira, etc.