Com as grandes mudanças no cenário econômico no último ano, o investidor se viu obrigado a buscar a renda variável como caminho para ganhos mais elevados. Porém, a chegada da covid-19 no início de 2020 jogou um grande balde de água fria nas expectativas de alta do mercado, que, ao que tudo indica, ainda pode levar um bom tempo para se recuperar.
Por isso, voltamos a falar dos fundos de investimentos em renda fixa (DI). Mas, desta vez, vamos explorar um pouco mais a questão da taxa de administração e mostrar que você pode estar perdendo dinheiro.
Com os consecutivos cortes na taxa básica de juros (Selic) e redução da inflação (IPCA), a taxa de juros real que remunera esses fundos pode não ser suficiente para gerar lucro ao investidor. Esse é o cenário que os dados apresentam para quem paga uma taxa de administração acima de 0,5% ao ano, que, infelizmente, ainda é a maioria dos investidores.
Considerando a taxa Selic a 3,00% ao ano e a inflação a 2,0%, ambas em 2020 de acordo com o relatório Focus apresentado pelo Banco Central, o resultado seria um retorno igual a zero.
Em outras palavras, quem investir em fundos que buscam acompanhar a taxa de juros e que possuem taxas de administração acima de 0,5% ao ano, descontados o Imposto de Renda e a inflação, possivelmente perderá dinheiro.
De acordo com o último dado divulgado pela Anbima, o segmento de varejo possuía cerca de R$ 230 bilhões em fundos de renda fixa em março deste ano, enquanto a taxa de administração média do segmento nesses fundos era de 0,98% ao ano.
E, adivinha onde estão as maiores taxas do mercado? Se chutou os grandes bancos, acertou.
Agora, antes de continuar, vale reforçar que faço parte de uma equipe de análise 100% independente. Isso me permite, sem qualquer conflito de interesse, citar ou recomendar o que está sendo ofertado pelo mercado.
Agora, o dado mais gritante.
As maiores taxas são cobradas justamente nos fundos com ticket de entrada menores que R$ 1 mil, ou seja, quanto menor o valor inicial do investimento exigido, mais cara é a taxa de administração. Agora, multiplique isso pelos milhares de pequenos investidores na pessoa física por aí.
Atualmente, já existem fundos que cobram uma taxa mais justa para o cenário atual e até mesmo aqueles que não cobram a taxa de administração – ao menos, é o que dizem. De qualquer forma, vemos claramente a filosofia “o que os olhos não veem o bolso não sente” ser utilizada pelas grandes instituições financeiras.
Esse modelo vai mudar? Provavelmente, mas não espere uma divulgação em massa de melhores oportunidades.
Para se investir bem nos dias de hoje é necessário comparar muito além dos rendimentos oferecido. Mas, o principal é ter em mente que a taxa de juros ainda pode sofrer novos cortes ainda este ano e isso irá gerar uma nova dinâmica para os fundos. Fique esperto.