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Você está desequilibrado

Publicado 18.02.2014, 06:20

Soprando velinhas

Para começar a semana, algumas novidades, outras nem tanto...

O relatório Focus continua a sua jornada, com menos crescimento (de 1,90% para 1,79%) e mais inflação (de 5,89% para 5,93%) projetados para 2014.

Nesse ritmo, terminaremos o ano com apostas de queda de 4% no PIB e um IPCA de fazer inveja aos vizinhos hermanos.

A boa nova desta segunda é o protagonismo dos resultados corporativos brasileiros. Sem os EUA para desviar a atenção, por conta das comemoração do aniversário de George Washington, sobressai a temporada de divulgações referente ao quarto trimestre do ano passado.

Fique claro que a “boa nova” é o protagonismo, não os resultados...


Difícil para o varejo (capítulo enésimo)

Dentre os resultados do dia, o que mais me chamou atenção foi da Marisa (AMAR3).

A companhia tentou ser agressiva em preços, e acabou assistindo a suas receitas subirem apenas 7,6%, enquanto os custos cresceram 20,6% e as despesas aumentaram 29%. Essa não é das combinações mais favoráveis às margens, obviamente.

O resultado da Marisa tem elementos próprios, mas não esconde o prognóstico complicado para o varejo, setor bastante dependente de crédito.

Mais uma para apoiar a visão de que consumo e varejo só aquele defensivo, com forte posição de caixa e pouco dependente de crédito.

Alguém aí pensou Grazziotin (CGRA4)? E a óbvia AmBev (ABEV3)? (Adoro fazer o simples e ganhar dinheiro).


Procura-se um meio-termo

Quem também se trumbica em um cenário de juros em alta e menor disponibilidade de crédito é o setor imobiliário. Esse também tem elementos próprios das empresas, de forma ainda mais aguda.

Há dois universos bem claros em incorporadoras imobiliárias listadas:

(i) as ações descontadas de empresas ruins e/ou em reestruturação
(ii) as ações caras de empresas premium

O meio-termo mais interessante que achei aqui atende por Helbor (HBOR3).

Por que o brasileiro gosta tanto de imóveis?

Primeiro, por cultura. Justamente o contrário do investimento em ações: hoje, temos cerca de 600 mil CPFs cadastrados na Bolsa - sendo que menos de um terço ativo. Isso corresponde a aproximadamente ínfimo 0,3% da população. Nos EUA, pesquisa conduzida pelo Gallup em abril de 2013 indicou que 52% da população adulta detinha uma ação.

O segundo elemento é de cunho mais conjuntural. Os últimos anos foram marcados por forte desempenho dos imóveis em relação aos demais ativos. A Bolsa vem de desempenho bastante ruim, enquanto os títulos públicos observaram forte escalada das taxas de juro, cuja contrapartida é obviamente a queda dos preços.

Você está desequilibrado

Essa é uma questão extremamente relevante no momento:

Você possui algum imóvel?

Ora, se tudo caiu e só o preço dos imóveis subiu nos últimos anos, muito provavelmente a distribuição do seu patrimônio está desequilibrada.


Para onde correr

No risco de bolha, uma alocação extremamente concentrada em imóveis pode ser uma bomba relógio, especialmente se considerarmos a baixa liquidez de venda de um imóvel físico.

Além da questão da liquidez, o investimento em imóveis tem outra ressalva, que é o elevado investimento inicial necessário (ainda mais agora).

Por isso, ainda acho o investimento em fundos imobiliários uma alternativa interessante, desde que haja seletividade e foco no médio prazo. É uma forma de se expor diretamente à dinâmica de imóveis com renda recorrente (distribuições aos cotistas) driblando as premissas de elevado investimento inicial necessário, baixa liquidez e operacionais frágeis das incorporadoras listadas, que em geral acabam impedindo uma ação de construtora de pagar um dividendo interessante.

Em nosso relatório de fundos imobiliários desta segunda, iniciamos a cobertura de um fundo que paga 10,5% de retorno ao ano.


A despedida

A grande novidade do dia não é um resultado, mas é do setor de imobiliário: a incorporadora Brookfield recebeu proposta de R$ 1,60 por ação do controlador para sair da Bolsa, o que dá um bom prêmio de 29% para os acionistas atuais sobre a cotação de fechamento de sexta-feira.

“Bom” para quem? Oportunismo pouco é bobagem...

Histórico Brookfield (BISA3)

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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