Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil em 2019 atingirá 72 milhões de toneladas, estável ante previsão divulgada em agosto, informou nesta sexta-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
A manutenção na estimativa mensal indica uma queda de 13,5% ante o recorde embarcado em 2018, quando o país exportou 83,26 milhões de toneladas, sendo beneficiado pela forte demanda da China em meio à guerra comercial com os Estados Unidos, de acordo com dados da associação que reúne as principais tradings do setor.
No acumulado do ano até agosto, segundo informações do governo brasileiro, os embarques de soja do maior exportador global atingiram 57,23 milhões de toneladas, queda de 11,4% ante o mesmo período do ano passado.
"A previsão de exportações foi mantida em 72 milhões de toneladas, pois está alinhada com os embarques realizados até o momento", disse à Reuters o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral.
A redução na comparação com 2018 ocorre após o Brasil ter colhido neste ano uma safra menor, estimada pela Abiove em 117,6 milhões de toneladas (estável ante previsão de agosto), e também com o impacto da peste suína africana na China, que está reduzindo o rebanho no país asiático, maior importador da matéria-prima utilizada para ração.
"A China continua dando sinais de redução da demanda em relação a 2018 e a guerra comercial (EUA-China) permanece, mas essas fatores já foram incorporamos na projeção anterior", acrescentou Amaral.
A Abiove não mexeu em tais números em setembro após ter elevado em quase 4 milhões de toneladas a projeção de exportação da oleaginosa em agosto.
A entidade também manteve os números relacionados ao farelo de soja, mas alterou previsões sobre o óleo de soja.
A associação reduziu a projeção de consumo interno de óleo de soja em 100 mil t em 2019, para 8 milhões de toneladas, e elevou as exportações em 100 mil toneladas, para 1 milhão de toneladas.
"Essas alterações decorrem de uma constatação de menor consumo de óleo de soja, exceto biodiesel, e de aumento das exportações de óleo de soja. Os demais itens não tiveram alteração", disse a Abiove em e-mail à Reuters.
MILHO EM ALTA
De outro lado, as exportações de milho do país estão crescentes, devendo somar recordes neste ano.
Em um comunicado separado, a consultoria FCStone elevou sua projeção de exportação do cereal para um recorde de 37 milhões de toneladas em 2019, 1 milhão a mais do que o previsto no mês anterior.
A previsão, divulgada à Reuters nesta sexta-feira, foi feita após os embarques de milho do Brasil dispararem em agosto, para um novo recorde mensal de 7,65 milhões de toneladas, elevando o total exportado no ano para 23 milhões de toneladas, mais que o dobro do visto nos oito primeiros meses de 2018 (9,19 milhões de toneladas), de acordo com dados divulgados pelo governo no início da semana.
Para a soja, a FCStone manteve previsão para o ano de 71,5 milhões de toneladas.