Trump anuncia tarifa de 25% sobre a Índia por laços com a Rússia
(Reuters) - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, teve na véspera uma terceira e longa conversa com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dias antes do prazo para a imposição de uma tarifa de 50% de Washington sobre produtos brasileiros.
Falando com jornalistas em Brasília, Haddad também apontou que o governo não está fixado no prazo de 1º de agosto que o presidente dos EUA, Donald Trump, deu para impor a taxa sobre o Brasil, afirmando que a preocupação com uma data poderia inibir que as negociações sejam feitas com "liberdade e sinceridade".
"Alckmin tem feito um esforço monumental de conversar com sua contraparte. Ontem mesmo houve a terceira e mais longa conversa que tiveram", disse o ministro.
"Não estou muito fixado na data, porque se ficarmos apreensivos com ela, podemos inibir que a conversa transcorra com mais liberdade e sinceridade entre os dois países. Nós vamos prosperar com as negociações", completou.
Haddad reconheceu que há a possibilidade de os EUA estenderem o prazo estabelecido por Trump para a taxação, mas disse não saber se isso acontecerá, uma vez que a imposição da data pelo presidente norte-americano foi uma ação "unilateral".
Ainda de acordo com o ministro, o plano de contingência do governo para caso a tarifa entre em vigor está sendo analisado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com "muita tranquilidade", ponderando sobre os "vários cenários" apresentados a ele.
"Estamos confiantes de que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento", disse o ministro. "Quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente."
Ele reiterou que o Brasil não abandonará a mesa de negociação com os EUA.
O governo tem se empenhado em buscar negociações sobre a ameaça tarifária de Trump, mas não tem obtido sucesso até agora, já que não há sinais de que o governo norte-americano possa adiar a implementação da tarifa de 50% sobre a exportação brasileira.
Analistas apontam dificuldades para um entendimento, à medida que Trump vinculou a decisão a questões mais políticas -- como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) -- do que comerciais.
(Por Fernando Cardoso)