Por Barani Krishnan
Investing.com - O petróleo encerrou agosto em tendência de queda, recuando 7% em seu pior mês entre os últimos 10, depois de preocupações com a demanda voltarem à tona em função do fechamento de refinarias nos EUA após a passagem do furação Ida.
As expectativa de que a reunião de quarta-feira dos países produtores de petróleo na OPEP+ avançariam com os planos para o aumento da produção em setembro também pesaram sobre os preços do petróleo no pregão de terça-feira - embora seja pouco provável que o aumento da produção atinja os níveis esperados pelo governo Biden, a fim de reduzir a inflação.
O Brent, negociado em Londres e referência global para o petróleo, fechou a US$ 72,99, uma queda de US$ 0,42 ou 0,6% no dia. No mês, o Brent recuou 4,4%, sua maior queda mensal desde maio e sua pior perda desde outubro.
O petróleo WTI, negociado em Nova York, e referência do petróleo nos EUA, fechou a US$ 68,50 por barril, queda de US$ 0,71, ou 1% no dia. Em agosto, o WTI caiu 7,4%, também marcando sua maior queda desde maio e seu pior mês desde outubro.
"Vale a pena notar que os preços do WTI haviam subido mais de 12% na semana até o pregão de ontem, e chegaram próximos a US$ 70 antes da reversão, de modo que provavelmente exista uma dose de realização de lucros orientando a movimentação, em especial quando se considera que alguns dos ganhos foram atribuídos à tempestade tropical Ida na semana passada e as operações já estão sendo retomadas", disse Craig Erlam, analista da OANDA.
O Ida atingiu a Louisiana como um furacão de categoria 4, forçando a suspensão de mais de 1,74 milhão bpd, ou 95% das plataformas do Golfo de petróleo e de gás natural do Golfo do México. Ele também fechou o maior terminal privado de petróleo bruto dos EUA e quase metade da capacidade de refino do país.
Inicialmente, os dirigentes do setor estimavam que poderia demorar semanas até que o fornecimento se normalizasse. Mas pouco depois de tocar solo, o Ida perdeu força e se tornou uma tempestade tropical, levando os analistas a ajustar suas expectativas. Alguns chegaram a se preocupar se poderia haver uma queda na demanda por viagens aéreas.
A reunião de quarta-feira dos 23 países da OPEP+ – que agrupa os 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderada pelos sauditas, com 10 aliados capitaneados pela Rússia – também pressionava o mercado, disse Erlam.
"Os investidores (estão) buscando qualquer indício de que o grupo vai alterar o ritmo dos cortes de redução. Vai ser uma surpresa se eles fizerem alguma coisa neste momento, apesar da pressão da Casa Branca, tendo em conta os atuais níveis de preços, a demanda e as perspectivas incertas", acrescentou.
O governo Biden fez um apelou à OPEP há mais de três semanas para que alavancasse a produção de petróleo, num esforço para amortecer os preços da gasolina, em meio a preocupações de que a inflação em alta poderia tirar a recuperação econômica da Covid dos trilhos.
A presidente da Comissão Federal de Comércio, Lina Khan, disse num memorando à Casa Branca que a agência planeja aumentar a fiscalização sobre práticas anticoncorrenciais para garantir que as grandes empresas dos EUA não recorram a "práticas colusivas" a fim de aumentar os preços da gasolina, que já se encontravam em patamares máximos em 7 anos, com um preço médio de US$ 3,15 dólares por galão.