Ajuda de chuvas e Belo Monte descartam uso de térmicas mais caras, diz ONS

Publicado 01.12.2017, 14:12
Atualizado 01.12.2017, 14:20
© Reuters.  Ajuda de chuvas e Belo Monte descartam uso de térmicas mais caras, diz ONS
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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um início de verão com chuvas acima da média na região das hidrelétricas e a antecipação da entrega de uma linha de transmissão que liga a usina de Belo Monte ao Sudeste tiraram do radar a necessidade de acionar termelétricas com custo de operação mais elevado para atender à demanda brasileira por energia.

A avaliação é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, que concedeu entrevista à Reuters nesta sexta-feira.

A projeção alivia algumas preocupações vistas há pouco tempo sobre custos aos consumidores.

Entre o final de outubro e o início de novembro, o governo avaliava que seria preciso recorrer a térmicas mais caras do que os indicados por modelos computacionais utilizados pelo ONS, o chamado despacho fora da ordem de mérito, para dar algum alívio aos reservatórios das hidrelétricas.

Mas a chinesa State Grid e a Eletrobras (SA:ELET3) estão em testes de um enorme linhão de ultra-alta tensão que terá capacidade para enviar 4 gigawatts em energia de Belo Monte diretamente do Pará para o Sudeste.

Esse volume equivale à energia assegurada da maior usina unicamente em solo brasileiro, a de Tucuruí --e Belo Monte ainda conseguirá suprir mais quase 1 gigawatt na região Norte, segundo Barata.

"Eles estão concluindo os testes e estão indo muito bem... vamos poder aproveitar toda a água que chega no Xingu em janeiro, fevereiro, é realmente um reforço extraordinário para nós. À medida que entrar a linha, Belo Monte pode gerar quase 5 mil megawatts", disse.

Quando concluída, em 2020, Belo Monte deverá ter 11,2 gigawatts, uma das maiores usinas do mundo.

Como o linhão estava previsto para fevereiro, o sistema passa a contar com uma energia extra, ao mesmo tempo em que agora se espera chuvas próximas à média histórica nas hidrelétricas em dezembro, contra expectativas de 70 por cento apontadas em setembro, pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).[]

"As avaliações que fizemos foram conservadoras... aparentemente, não é esse o quadro que está se configurando, é um quadro melhor", afirmou o diretor-geral do ONS.

"Não sei dizer a trajetória, mas o quadro que está se configurando não é o que a gente vinha estudando, está começando melhor que o esperado, novembro foi bom, dezembro está sendo... Por enquanto, nossa expectativa é de não gerar termelétricas fora da ordem de mérito", disse Barata.

NÃO É UNANIMIDADE

A previsão mais otimista do ONS, no entanto, não chega a ser uma unanimidade no setor elétrico neste momento.

O presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, disse à Reuters que houve uma melhora no quadro hidrológico, mas que deveria ser aproveitada justamente para recuperar os reservatórios das hidrelétricas de maneira consistente, para evitar sustos em 2018, quando há previsões de maior crescimento econômico.

"Eu vinha dizendo que para recuperar teria que cair um dilúvio, e isso não mudou muito", afirmou ele, que defende o acionamento das termelétricas mais caras fora da ordem de mérito.

"Com isso (atual previsão de não despachar usinas mais caras), não se economiza água nos reservatórios e se perpetua ainda mais o problema. Em abril de 2018, final do período de chuvas, os níveis de armazenamento podem estar com valores pouco seguros", adicionou Melo.

As hidrelétricas do Sudeste, que concentram os maiores reservatórios, estão hoje com quase 19 por cento de armazenamento, perto do recorde negativo de 15,8 por cento em novembro de 2014.

(Por Luciano Costa)

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