Por Juana Casas
SANTIAGO - A América Latina deve ajudar a América Central e o Caribe quando região for afetada por fatores que vão das mudanças climáticas a crises econômicas, passando também pelos efeitos da Covid-19 e até a guerra, disse nesta sexta-feira à Reuters o representante regional da agência agrícola da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em entrevista antes da fase ministerial de uma conferência na Guiana, Mario Lubetkin, representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) disse que a América Latina e o Caribe estavam sofrendo com “muitos fatores, talvez como nunca antes”.
Por esses motivos, o evento deve focalizar sua atenção em como enfrentar o baixo crescimento econômico, a pobreza, a desigualdade nos meios rurais, os altos níveis de fome e insegurança alimentar, além dos efeitos da mudança climática.
“Se queremos seguir tendo uma só América Latina e Caribe nos temas de segurança alimentar e nutricional, agricultura sustentável, etc, precisamos ajudar o Caribe como nunca antes, e apoiar a América Central”, afirmou ele em Georgetown.
Mesmo que o último relatório da ONU tenha mostrado avanço da região na erradicação da fome, Lubetkin afirmou que essa melhora está muito concentrada na América do Sul, uma região mais resistente por ter uma grande capacidade produtiva, maiores investimentos e sofrer um impacto menor das mudanças climáticas.
“Devemos seguir desenvolvendo linhas que estão aparecendo na América do Sul, mas também com a América do Sul assumindo uma maior responsabilidade em relação às outras sub-regiões, para não termos três Américas Latinas e Caribe no futuro -- o que nunca ocorreu --, fruto da má nutrição, do cenário de fome e desse contexto”, acrescentou.
A situação é particularmente grave no Haiti, onde quase metade da população enfrenta fome aguda, em um país envolto em uma crise política e social de longo prazo, que desalojou milhares de pessoas de suas casas.
No fim do ano passado, a FAO anunciou que renovou um plano que tem o objetivo de responder aos danos causados pelo fenômeno El Niño na América Latina, e indicou que eram necessários ao menos 160 milhões de dólares até março de 2024.
As agências meteorológicas preveem que, em meados de 2024, o El Niño cederá lugar à La Niña, o que poderia trazer condições mais secas a regiões produtoras de cereais e oleaginosas na América.
Um relatório recente mostrou que há uma grande possibilidade de ocorrer uma versão forte do fenômeno em outubro, o que colocou em alerta os produtores argentinos.
“A seca na Argentina vai atrapalhar notavelmente os cenários de colheitas cujas previsões eram extraordinariamente exitosas e recordes”, afirmou.