🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

ANÁLISE-Cortes de produção na Argentina podem limitar queda de preço do trigo no Brasil

Publicado 10.07.2020, 17:12
Atualizado 10.07.2020, 17:15
© Reuters.
ZW
-

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - O recuo sazonal de preços do trigo no Brasil na entrada da safra 2020, entre setembro e outubro, pode ser limitado pela paridade das cotações com o cereal da Argentina, cuja produção tende a ser prejudicada pela seca.

De acordo com especialistas ouvidos pela Reuters, a redução das cotações do cereal nacional já seria parcialmente limitada pela influência do câmbio na precificação. E o clima no país vizinho, principal fornecedor ao Brasil, surge como um agravante.

Caso os preços do trigo argentino, por sua vez, permaneçam elevados pelas adversidades climáticas, a indústria brasileira já se prepara para recorrer aos mercados do Hemisfério Norte com maior intensidade, disse a associação do setor Abitrigo.

"Estamos comprando da Rússia e EUA (sem Tarifa Externa Comum -TEC), se os argentinos aumentarem o preço, vamos comprar de outros mercados mais baratos", afirmou o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa.

De janeiro a junho, o Brasil importou 171,8 mil toneladas do cereal dos EUA ante 71,8 mil toneladas em igual período de 2019, de acordo com o Ministério da Agricultura, ainda que não tenha havido registro de desembarque de trigo russo, que deve chegar no segundo semestre, segundo um analista ouvido pela Reuters.

Da Argentina, os brasileiros trouxeram 3,13 milhões, de um total de cerca de 3,5 milhões de toneladas, com outros países do Mercosul como Paraguai e Uruguai complementando a maior parte da oferta importada.

O presidente da Abitrigo ressaltou ainda que o câmbio tem sido importante fator de custo para os moinhos, mas disse que o setor está atento a possibilidades de trazer o cereal de outros países, o que afasta qualquer problema de abastecimento.

A moeda norte-americana acumula valorização em torno de 30% em relação ao real desde o início do ano, em meio a questões políticas e incertezas relacionadas à crise do coronavírus.

Na esteira do dólar, o preço médio do trigo no Paraná é negociado a mais de 1.200 reais por tonelada, alta de 40% no mesmo intervalo.

CORTES

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou, nesta sexta-feira, estoques finais de trigo no mundo em 314,84 milhões de toneladas para 2020/21, abaixo das projeções do mercado que esperavam 315,89 milhões.

Na semana, a safra de trigo 2020/21 da Argentina foi estimada no intervalo de 18 milhões a 19 milhões de toneladas, segundo avaliação da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), versus projeção anterior de 21 milhões a 22 milhões de toneladas, diante da condição de estiagem que se prolongou.

Na mesma linha, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) disse nesta quarta-feira que pode voltar a reduzir sua previsão para a área do cereal 2020/21 no país, atualmente estimada em 6,5 milhões de hectares.

Um novo corte seria o terceiro consecutivo para uma semeadura inicialmente projetada pela Bolsa em recorde de 6,8 milhões de hectares.

O analista da consultoria StoneX (antiga INTL FCStone) Roberto Sandoli avalia que o corte de perspectivas realizado pela Bolsa de Rosário foi importante e o cenário ainda pode piorar.

"Meteorologistas falando que a tendência é continuar a seca e que produtores podem optar por nem plantar boa parte do que falta. Isso poderia gerar mais cortes na produção", afirmou.

"Isso preocupa os moinhos brasileiros... preços tendem a ficar mais altos ou cair menos (com a entrada da safra nacional)", estimou Sandoli.

Além disso, ele acredita que, independente do cenário na Argentina, há pouco espaço para queda das cotações de trigo no Brasil.

"O câmbio nos níveis atuais não permite grandes quedas devido à paridade de importação. E agora com essas reduções (do trigo argentino) menos ainda", enfatizou.

No pior cenário, o analista de trigo da Safras & Mercado Jonathan Staudt admite que haveria possibilidade até de aumento no valor do cereal por aqui.

"Com a situação cambial atual, perdas (na Argentina) devem trazer impactos nos preços, podendo sim sustentar as cotações até mesmo com o ingresso de safra no Brasil. E caso estas sejam mais significativas, até mesmo abrir espaços para elevações."

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou nesta semana a previsão para a colheita de trigo no país, de 5,7 milhões de toneladas em junho para 6,3 milhões.

Segundo a Conab, a importação do país deverá atingir um recorde de 7,3 milhões de toneladas em 2020, alta de 4,3% ante 2019, dado que o consumo interno está estimado em 12,5 milhões de toneladas para o cereal.

CONCORRENTES

No mês passado, o governo brasileiro aprovou a liberação de uma cota extra para importação de 450 mil toneladas de trigo de fora do Mercosul sem Tarifa Externa Comum (TEC) até novembro, o que aumentou o volume anual isento de taxa para 1,2 milhão de toneladas.

A medida baixou o valor para a entrada do produto norte-americano, russo e canadense --e alguns já abriram vantagem em relação ao cereal argentino para chegada no Nordeste.

Nos cálculos da StoneX, o cereal da Rússia com entrega prevista entre agosto e setembro, para Fortaleza, custaria cerca de 240 dólares por tonelada sem TEC. Com o imposto, o valor se assemelha ao argentino, de 264 dólares.

Segundo analista da StoneX, os primeiros desembarques de trigo russo do ano devem ocorrer justamente em agosto e setembro.

Já o trigo americano tipo HRW com 11% de proteína, que com TEC seria adquirido por 285 dólares por tonelada, baixou para 259 dólares, preço também inferior ao da Argentina para a região, segundo a StoneX.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.