SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil (SA:BBAS3) ainda analisa como se dará o financiamento do leilão de hidrelétricas realizado nesta quarta-feira, segundo a instituição, e bancos privados também devem participar das operações, de acordo com executivos das elétricas vencedoras e uma fonte com conhecimento do assunto.
"O BB informa que está discutindo o financiamento com todas as empresas vencedoras que o procuraram", disse o banco estatal, em nota enviada pela assessoria de imprensa.
Em coletiva de imprensa após o certame, representantes da mineira Cemig (SA:CMIG4) e da paranaense Copel afirmaram que receberam propostas para financiar o pagamento dos bônus de outorga cobrados na licitação por meio de um grupo de bancos, liderado pelo BB.
"O mercado de bancos brasileiro gosta muito do setor de energia e desse tipo de risco, de uma usina já pronta, sem risco de construção... colocar dinheiro com uma receita anual predeterminada, em ativos que já têm 20 anos de performance, é aceitável mesmo em um contexto difícil e restritivo como hoje", disse à Reuters a fonte, sob a condição de anonimato.
Segundo essa fonte, as empresas devem fechar empréstimos-ponte com prazo entre seis meses e dois anos, a um custo de "CDI mais entre 2,25 por cento e 3,5 por cento".
As hidrelétricas arrematadas por empresas brasileiras no certame --Cemig, Copel, Celesc (SA:CLSC4) e Celg-- somam cerca de 3 bilhões de reais em bônus de outorga.
O grupo de bancos envolvido nas operações deve variar de acordo com cada usina a ser financiada.
"Os juros estão muito altos. À medida em que as taxas de juros convergirem (para patamares menores), cada projeto vai ter a condição de buscar um financiamento definitivo de longo prazo", disse a fonte.
Já a chinesa Three Gorges, que levou as maiores usinas do certame, com um bônus de 13,8 bilhões de reais, não comentou onde obterá os recursos. A companhia contou com assessoria financeira do Itaú (SA:ITSA4) e do Santander, que liderou a operação.
Em nota enviada à imprensa, o presidente da companhia oriental no Brasil, Li Yinsheng, disse que as aquisições são "uma demonstração clara e tangível" da intenção da empresa em "investir e crescer no Brasil, que é um mercado prioritário" na estratégia de expansão internacional do grupo.
A China Three Gorges é a dona da maior hidrelétrica do mundo em potência instalada, a usina de Três Gargantas, na China.
(Por Luciano Costa)