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Com impulso de etanol de milho, Brasil pode manter exportações em 2024, diz Argus

Publicado 13.03.2024, 17:20
© Reuters. 13/09/2018
REUTERS/Paulo Whitaker
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Com uma produção de etanol de milho crescente, o Brasil tem potencial de manter as exportações do combustível renovável em patamares elevados em 2024, repetindo os volumes registrados no ano passado, quando atingiram o maior nível desde 2020, avaliou um especialista da Argus.

Os embarques totais de etanol do Brasil no ano passado somaram 2,558 bilhões de litros (de cana e milho), crescimento de 2,5% ante 2022, ficando atrás da máxima dos últimos anos de 2,7 bilhões de litros de 2020, conforme números de comércio compilados pela Argus, empresa especializada em preços e serviços de consultoria.

"O volume deve ficar forte, de 2,1 bilhões a 2,5 bilhões de litros... mas como continua com cenário de oferta crescente, principalmente pela explosão da capacidade de produção de etanol de milho, deve continuar a atender o mercado de exportação", afirmou o especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin, à Reuters.

A avaliação ocorre apesar da uma expectativa de menor oferta de etanol de cana na nova temporada do centro-sul, que começa em abril, devido à safra menor e com usinas direcionando uma parte maior da matéria-prima para açúcar.

"Vamos ter essa garantia, um etanol de milho está conseguindo ter uma vocação para ser exportado", disse ele, citando que uma melhora na logística, com o escoamento do etanol de milho do Centro-Oeste para o Sudeste via ferrovia, tem facilitado as exportações.

As exportações de etanol do Brasil em fevereiro somaram 159,100 milhões de litros, o maior nível em oito anos para o mês, em um cenário de ampla oferta interna e crescente demanda da Arábia Saudita e da Índia, afirmou a Argus.

Em fevereiro, as vendas de etanol aumentaram 24% em relação ao mesmo período do ano passado, apontou o especialista da Argus, citando dados do governo.

A Coreia do Sul continuou sendo o principal destino do etanol brasileiro, representando 30% do volume total enviado no mês passado. Índia e Arábia Saudita aparecem em seguida com 23% e 18%, respectivamente.

No caso da Índia, o interesse pelo etanol brasileiro está crescendo, à medida que o país busca ampliar o uso do biocombustível em sua matriz.

LOGÍSTICA E IMAGEM

No ano passado, a Coreia do Sul abocanhou 32,8% das exportações brasileiras de etanol, disse Boutin, lembrando que a demanda da Ásia também é sustentada pelo álcool para uso industrial, que acaba sendo considerado dentro dos volumes gerais de embarques do país.

A Europa foi o segundo principal destino, com as entradas pelos portos da Holanda respondendo por 23% das exportações brasileiras de etanol.

Em terceiro lugar vem os Estados Unidos, que importou cerca de 15% do total exportado pelo Brasil.

Melhorias na logística de escoamento tem colaborando com os embarques do Brasil. Algumas usinas tem utilizado os dutos da Logum, que liga Uberaba (MG) a Paulínia (SP), passando pelo polo de Ribeirão Preto, para trazer o combustível mais perto dos polos exportadores.

"O etanol de milho está conseguindo melhoria na logística", disse ele, lembrando que antes o etanol de cana, com maior produção em São Paulo, tinha melhores condições para exportação, pela proximidade dos portos de Santos e mesmo Paranaguá.

Além disso, ele disse que a indústria de etanol de milho tem conseguido melhorar a imagem do combustível no exterior, já que o Brasil colhe o cereal em grande parte na segunda safra após a colheita de soja, o que reduz a pegada de carbono pelo menor impacto do chamado uso indireto da terra, por se fazer duas lavouras na mesma área em um único ano.

© Reuters. 13/09/2018
REUTERS/Paulo Whitaker

O analista da Argus citou algumas medidas protecionistas, principalmente da Europa, que poderiam limitar exportações brasileiras de etanol, por outro lado.

O analista também lembrou que a exportação acaba dependendo do desempenho do mercado doméstico brasileiro, e pode se ajustar muito em função disso. "Se tiver boa remuneração no mercado doméstico, pode ter menos necessidade de exportar."

 

(Por Roberto Samora)

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