SÃO PAULO (Reuters) - Em momento em que os preços da soja e do milho estão em queda no Brasil, após anos de cotações sustentadas, o Ministério da Agricultura quer maior apoio do Tesouro Nacional à equalização de juros no Plano Safra 2023/24, para que o setor agropecuário possa continuar contribuindo com a economia brasileira.
Após reunião "positiva" com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que demonstrou nesta quarta-feira ao colega as diferentes conjunturas de 2022 e 2023, e a "necessidade de um Plano Safra mais robusto".
"Vínhamos nos últimos sete anos de preços de commodities muito aquecidos, muito valorizados, se fazia menos necessária a presença do Estado. E hoje, com as quedas bruscas de preços, muitos já estão abaixo dos custos de produção", afirmou ele a jornalistas em Brasília.
Após passarem a maior parte de 2022 próximos de 200 reais a saca, os preços da soja recuaram para 137 reais/saca, com queda acumulada em 2023 de mais de 25%, segundo dados do Cepea/Esalq. No caso do milho, a cotação acumula queda de mais de 35% neste ano, para 55,16 reais/saca. Os valores têm sido pressionados, entre outros fatores, por safras recordes no Brasil.
"Se não estivermos presentes no fomento, no financiamento, os reflexos serão sentidos não só dentro da fazenda, mas vai se vender menos trator, menos máquinas, menos fertilizante", disse o ministro.
Ele comentou que os recursos do Tesouro para equalização de juros deveriam ficar próximos de 18 bilhões de reais, se fosse feita uma correção dos valores disponibilizados em 2014.
"No Plano Safra de 2014, as equalizações foram em torno de 11,6 bilhões de reais para o Ministério da Agricultura...", disse.
O recurso reivindicado representaria um salto em relação ao plano atual, que girou em torno de 3,8 bilhões de reais para a agricultura empresarial, e ficou "muito aquém da necessidade brasileira".
Segundo ele, esses recursos baixos talvez foram imperceptíveis porque "o preço da commodity era outro".
"O nosso pleito é pelo menos do que era 2014."
Sobre a discussão a respeito de qual ministério deveria centralizar as informações sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), se a Agricultura ou o Meio Ambiente, Fávaro disse que isso não importa.
Mas é importante sim a modernização do sistema, que dê capacidade de análise e aprovação para incentivar as aprovações, comentou.
Do total no país, apenas 0,72% dos CARs estão aprovados desde a aprovação do Código Ambiental, há mais de dez anos.
(Por Roberto Samora)