SÃO PAULO (Reuters) - A estimativa de safra de trigo do Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no Brasil, foi reduzida em 9% para 3,75 milhões de toneladas, mas o volume ainda será o segundo maior registrado no Estado, informou a Emater nesta quinta-feira, em boletim que trouxe informações sobre o encerramento da colheita.
Segundo o órgão de assistência técnica ligado ao governo gaúcho, parte das lavouras teve resultados "insatisfatórios" devido à recorrência de chuvas durante as fases de enchimento de grãos e na colheita, causando a redução do peso dos grãos e germinação nas espiguetas.
Em outra parte do Estado, os resultados foram "expressivos", como no quadrante nordeste, "onde o potencial produtivo foi preservado ao longo do ciclo".
A redução na estimativa de safra gaúcha ajuda a explicar um aumento na previsão de importação de trigo pelo Brasil. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país importará o maior volume do cereal em cinco anos em 2024, com mais de 6 milhões de toneladas.
Além do Rio Grande do Sul, o Paraná também colheu bem menos do que o previsto, com uma safra em torno de 2,3 milhões de toneladas.
Pela previsão divulgada em novembro, o Rio Grande do Sul tinha expectativa de colher inicialmente 4,12 milhões de toneladas, segundo a Emater.
Apesar da redução, a estimativa indica um crescimento importante na comparação com a temporada passada, quando a colheita somou 2,62 milhões de toneladas.
Analisando as dez últimas safras, disse a Emater, a temporada de 2024 ainda se destaca como a terceira maior em área cultivada, sendo superada apenas pelas safras de 2022 e 2023.
Em termos de produtividade, apresenta resultados semelhantes aos de 2021, posicionando-se como a quarta safra mais produtiva, superada pelas de 2016, 2019 e 2022.
Quanto ao volume total produzido, ocupa o segundo lugar na série histórica, ficando atrás somente da safra de 2022, que alcançou o recorde de 5,3 milhões de toneladas.
PLANTIO DE SOJA
Apesar da ocorrência de chuvas e da umidade relativamente alta no solo, a semeadura de soja avançou para 90% da área projetada, "pois os produtores apressaram a operação para executá-la dentro da janela temporal preferencial para o cultivo".
O Rio Grande do Sul está entre os três maiores Estados produtores de soja do Brasil.
"As temperaturas elevadas e a umidade foram favoráveis ao desenvolvimento das plantas, permitindo a emissão de novas folhas bem expandidas e o fechamento acelerado das entrelinhas nas lavouras semeadas no final de novembro", disse.
No geral, as lavouras apresentam boa germinação e população de plantas e adequado desenvolvimento vegetativo, acrescentou a Emater.
Para o milho, o relatório semanal indicou que a semeadura atingiu 92% da área projetada para a safra, que tem uma parte das lavouras sofrendo os efeitos da seca anterior.
"Nos plantios de sequeiro, os impactos da estiagem de novembro refletem em perdas de produtividade, e há variações significativas entre as áreas", disse a Emater, apontando que algumas áreas mais afetadas apresentam quebra estimada entre 10% e 30%.
Apesar disso, o potencial produtivo, mesmo das lavouras sem irrigação, continua superior ao da safra anterior, pontuou.
(Por Roberto Samora)