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Eólica offshore pode ser "nova energia hidrelétrica" do Brasil, diz estudo do Banco Mundial

Publicado 17.07.2024, 13:10
© Reuters. Vista de turbinas em um parque eólico offshore perto de Nysted, Dinamarcan04/09/2023nREUTERS/Tom Little
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Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A energia eólica offshore pode representar uma opção de "proteção energética" para o Brasil diante de secas cada vez mais recorrentes que prejudicam a geração hídrica, ainda a principal fonte da matriz elétrica nacional, segundo um estudo sobre o tema realizado pelo Banco Mundial e entregue ao Ministério de Minas e Energia.

A análise da instituição destaca o potencial da eólica offshore como "a nova energia hidrelétrica do Brasil", isto é, uma fonte que poderia atenuar a variabilidade da geração hidrelétrica ao longo do ano, e que, se adotada em larga escala, poderia constituir parte intrínseca da base de geração limpa do país.

O estudo apontou que, comparando a produção real de energia hidrelétrica com a produção simulada de energia eólica offshore durante um período de sete anos, a produção eólica offshore seria maior nos meses em que os níveis hídricos estivessem mais baixos.

"Segundo a análise, a variabilidade anual da energia eólica offshore seria significativamente inferior à da energia hidrelétrica em grande parte do país. Logo, se implementada em grande escala, a energia eólica offshore pode oferecer uma 'proteção energética' para anos com secas inusitadas, como foi observado, por exemplo, na última década", diz o relatório.

O Banco Mundial ressaltou, porém, que as eólicas offshore só seriam capazes de compensar a variabilidade da produção hídrica se atingirem escala suficiente, com uma aposta mais agressiva do país na fonte do que o atualmente vislumbrado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O cenário-base do estudo considera as projeções atuais da EPE, que apontam uma adoção "modesta" da energia eólica offshore, com 4 gigawatts (GW) operacionais em 2035 e 16 GW até 2050. Isso significaria investimentos de cerca de 40 bilhões de dólares até 2050 para construção dos parques no mar, com um uso de apenas 1,2% do leito marinho disponível, principalmente no Nordeste.

O Brasil apresenta um enorme potencial para exploração de energia eólica offshore e já tem quase 100 projetos, que somam cerca de 230 GW de potência, com pedido de licenciamento ambiental junto ao Ibama, mas todos ainda em estágios iniciais de desenvolvimento.

A tecnologia atrai a atenção de grandes empresas, desde petroleiras até geradoras de energia elétrica, que apontam como o principal impeditivo para tirar os empreendimentos do papel a falta de um marco regulatório para o segmento. Há uma proposta em tramitação no Congresso, mas a inclusão de uma série de emendas "jabutis" no texto acabou dificultando sua aprovação.

Além disso, os custos para construção dos parques e aquisição dessa energia ainda são bem mais elevados se comparados com o de outras fontes renováveis, como as eólicas em terra e a solar.

Segundo o relatório do Banco Mundial, considerando metas de alto volume e condições apropriadas, o custo da energia eólica offshore poderia cair de 344 reais por megawatt-hora (MWh) calculado para os primeiros projetos -- cerca de 50% acima dos preços das energias solar e eólica onshore -- para uma faixa de 279 a 215 reais/MWh até 2050, valores já competitivos frente às outras fontes.

O estudo traça ainda um cenário "intermediário" e um "ambicioso" para a fonte no Brasil, considerando mais capacidade instalada entrando em operação até 2050.

© Reuters. Vista de turbinas em um parque eólico offshore perto de Nysted, Dinamarca
04/09/2023
REUTERS/Tom Little

Esses níveis mais altos de penetração da eólica offshore exigiriam, por exemplo, obras de modernização do sistema de transmissão, investimentos maiores em infraestrutura portuária e reforços da cadeia de suprimentos para fornecimento de turbinas, apontou o relatório.

Do ponto de vista ambiental e social, o Banco Mundial avaliou que, no cenário-base, os impactos seriam relativamente baixos, dado o uso limitado do leito marinho disponível. Já nos cenários de maior penetração da fonte, os impactos seriam maiores, principalmente se o desenvolvimento se estender para o Sul, onde o potencial da eólica offshore encontra-se, quase em sua totalidade, numa área marinha ecológica ou biologicamente significativa (EBSA).

 

(Por Letícia Fucuchima)

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