SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics) avaliou como "extraordinário" para o setor o acordo entre UE e Mercosul anunciado nesta sexta-feira, que deve permitir que o país exporte 35% a mais para os europeus em cinco anos, disse o diretor de Relações Institucionais da entidade, Aguinaldo José de Lima.
Apesar de uma tarifa de 9%, a União Europeia é o segundo principal destino do café solúvel brasileiro, o que indica que o país já tem uma base importante para avançar mais no mercado europeu após o acordo com o Mercosul, acrescentou Lima em entrevista à Reuters.
A tarifa atualmente coloca o Brasil em "dificuldade" frente aos produtores europeus de café solúvel e também em relação ao Vietnã, que já tem um acordo com a UE, acrescentou ele.
O diretor da Abics explicou que a tarifa de 9% cairá 25% ao ano, segundo o acerto, chegando zerada ao quinto ano após a implementação do pacto.
Dessa forma, os embarques brasileiros de café solúvel, atualmente em 450 mil sacas/ano (equivalentes) aos europeus, poderiam crescer de forma importante. Anualmente, o Brasil exporta para todos os destinos 3,7 milhões de sacas (equivalentes).
Na avaliação do diretor da Abics, o acordo ainda pode viabilizar investimentos, ao mesmo tempo em que beneficia a indústria brasileira de café torrado e moído, que praticamente não exporta aos europeus e também foi incluída no acordo.
O Brasil, além de ser o maior produtor e exportador de café verde, também é líder na exportação de solúvel.
Um acordo comercial como esse permite a exportação de um produto com maior valor agregado, uma vez que o preço do café solúvel é 80% maior que o verde.
(Por Roberto Samora)