Exportação de açúcar do Brasil em 25/26 pode repetir safra anterior, prevê JOB

Publicado 13.05.2025, 16:47
Atualizado 13.05.2025, 17:55
© Reuters. Canan1/01/2019nREUTERS/Marcelo Texeira

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de açúcar do Brasil na temporada 2025/26 poderá ficar praticamente estável em relação ao forte ciclo anterior, com usinas destinando mais cana para a produção de adoçante em uma temporada que deverá ver uma redução na moagem da matéria-prima, de acordo com análise da JOB Economia e Planejamento.

"A previsão de exportação de açúcar pelo Brasil busca repetir aquela de 2024/25: 35,1 milhões de toneladas. Este volume representa mais da metade das exportações mundiais de açúcar e dá ao Brasil condições de direcionar os preços nos mercados internacionais do produto", afirmou o sócio-diretor da JOB, Julio Maria Borges, em relatório antecipado à Reuters.

As exportações brasileiras de açúcar têm sido próximas a um nível recorde de cerca de 35 milhões de toneladas nos últimos dois anos, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Em 2023/24, atingiram uma máxima de 35,4 milhões de toneladas, apontou Borges.

"Seja por razões de logística, seja por razões de clima, os preços do açúcar nos mercados externos vão depender bastante do Brasil", destacou Borges.

A produção de açúcar do Brasil em 2025/26 poderia aumentar 5% em relação à safra passada para 46 milhões de toneladas, ficando perto do recorde de 2023/24 (46,1 milhões de toneladas).

Esse aumento na produção seria obtido com um maior direcionamento de cana para a produção do adoçante, com mais de 51% do total processado da matéria-prima, uma vez que a safra no país deverá cair 1,45% ante o ciclo passado, para 673 milhões de toneladas.

"Como no ano passado, a safra começa com prioridade para a produção de açúcar e com mix máximo a favor deste produto. A razão desta motivação: o açúcar tem um resultado econômico significativamente melhor que o etanol", disse Borges.

O especialista lembrou que as chuvas no centro-sul brasileiro, principal região produtora, ficaram 6,5% abaixo da média entre abril de 2024 e março de 2025. Isso, juntamente com os incêndios que atingiram os canaviais no ano passado, reduziram o potencial produtivo.

Contudo, neste momento, o clima não parece "um grande problema para a nova safra 2025/26 no Brasil", avaliou.

A produção total de etanol do país em 2025/26 deverá cair 0,9% para 36,9 bilhões de litros, com um aumento na produção de etanol de milho de 1,8 bilhão de litros quase compensando uma queda de 2,2 bilhões de litros na produção do biocombustível de cana.

A produção de etanol de cana do país está estimada em 26,9 bilhões de litros e a de milho em 10 bilhões de litros em 2025/26.

"No caso do etanol combustível, estamos prevendo demanda estável por restrição de oferta: 35,8 bilhões de litros", disse Borges, citando que o mercado do ciclo Otto no Brasil vem crescendo nos últimos anos a uma taxa de 2,2% ao ano.

"Ou seja, o mercado de etanol combustível vai operar em 2025 com maior restrição de oferta e maior suporte para preços. O que pode gerar pressão de baixa nos preços do etanol é o petróleo/gasolina com preços em queda."

MAIS EQUILÍBRIO

De acordo com o sócio-diretor da JOB, tudo indica que a realidade atual dos mercados de commodities, com boa oferta e preços menores que aqueles do início desta década, está chegando para o setor de cana.

"Depois de cinco safras convivendo com preços altos e resultados econômicos necessários e acima do normal, teremos uma safra com receitas e custos mais equilibrados. Longe de ser um resultado econômico ruim, apenas um resultado mais normal", opinou.

Ele lembrou que no início da década houve a pandemia e depois o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o que prejudicou as cadeias globais de suprimentos, impulsionando as cotações de commodities.

Borges comentou que agora a oferta global de commodities se normalizou, com o estímulo dos preços altos. "Como consequência os preços caíram... O açúcar ficou atrasado nisso... pois o clima não ajudou na recuperação da oferta nos países produtores."

(Por Roberto Samora)

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