NOVA YORK (Reuters) - As exportações de açúcar mexicano para os Estados Unidos poderão cessar se o novo governo Trump levar adiante a ideia de aplicar uma tarifa de 25% sobre o produto do México, disse a corretora e prestadora de serviços de cadeia de suprimentos Czarnikow em um relatório na quinta-feira.
O presidente eleito Donald Trump prometeu impor uma tarifa de 25% sobre o Canadá e o México se os países não mudarem suas políticas de comércio de produtos como os farmacêuticos e não agirem para controlar a imigração ilegal.
"A tarifa proposta provavelmente interromperia todos os fluxos de açúcar mexicano para os EUA", disse o relatório escrito pelo analista-chefe da Czarnikow, Stephen Geldart.
Os EUA importam cerca de um terço do açúcar que consomem. O México é seu maior fornecedor, já que utiliza uma cota isenta de impostos como parte do Acordo Estados Unidos-México-Canadá.
Geldart disse que uma tarifa de 25% inviabilizaria as exportações de açúcar mexicano para os EUA. Ele disse que os participantes do mercado de açúcar da América do Norte não acreditam que Trump vá levar adiante a tarifa.
"No entanto, não gostamos desse argumento, pois ele sugere que o presidente eleito Trump colocará a economia acima da influência política", disse o analista.
Se os 25% forem aplicados, os EUA terão um déficit anual de açúcar entre 500.000 toneladas métricas e 1 milhão de toneladas.
"Os preços do açúcar nos EUA provavelmente subiriam, no mínimo, a um nível em que as importações de açúcar com taxas se tornariam viáveis", disse o relatório, acrescentando que o governo dos EUA provavelmente teria que aumentar a cota tarifária acordada com a Organização Mundial do Comércio.
Nesse caso, o principal beneficiário seria o Brasil, o maior produtor e exportador do mundo.
"Questionamos se Trump gostaria que o governo Lula fosse um dos principais vencedores da Guerra Comercial de 2025. A questão vai além do açúcar e se estende a outras commodities, como milho e soja", disse Geldart, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Reportagem de Marcelo Teixeira)