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Exportação de soja do Brasil deve cair 12% em 2019, estiagem é risco, diz Anec

Publicado 09.01.2019, 15:39
© Reuters. Navio carregado com soja no Porto de Santos
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SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá exportar 73 milhões de toneladas de soja em 2019, projetou a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), em uma queda de cerca de 12 por cento ante o recorde registrado no ano passado, marcado pelo forte apetite chinês e uma safra histórica.

A entidade, contudo, alertou para a possibilidade de embarques menores, caso perdas expressivas sejam de fato registradas na atual temporada, dada a estiagem há mais de um mês em importantes áreas produtoras do país, o maior exportador global de soja.

"Hoje, sabemos que teremos uma safra com viés de baixa em relação à do ano passado. Dados indicam que deveremos ter perdas resultantes de calor excessivo no oeste do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e em alguns pontos do Centro-Oeste. Desta forma, nossas previsões de exportação de grãos poderão sofrer alterações decorrentes do clima", afirmou em nota o diretor-geral da Anec, Sergio Mendes.

Em 2018, o Brasil embarcou um recorde de 82,8 milhões de toneladas de soja, segundo a Anec. O governo reportou na semana passada algo mais próximo de 84 milhões de toneladas.

No ano passado, os produtores brasileiros foram favorecidos por uma colheita de aproximadamente 120 milhões de toneladas e por uma maior demanda da China, que taxou a oleaginosa dos Estados Unidos em meio à guerra comercial e precisou se voltar ao produto sul-americano para suprir seu consumo doméstico.

De acordo com a Anec, só em dezembro foram enviados ao exterior 2,6 milhões de toneladas de soja, com 96 por cento desse volume indo para a China. A associação considerou o volume "atípico" para o mês.

Das exportações totais do ano, 10 milhões de toneladas foram puxadas por causa da guerra comercial entre EUA e China, as duas maiores economias do mundo, acrescentou a Anec.

Mendes, entretanto, pondera que a continuidade dessa disputa poderia prejudicar o Brasil.

"Embora o Brasil tenha sido beneficiado com um volume estimado em cerca de 10 milhões de toneladas absorvidas pela China, esse cenário gera imprevisibilidade, o que não é desejável para o nosso setor, que já lida com diversas outras variáveis, como o clima, oscilações do real com relação ao dólar e questões logísticas", afirmou.

MILHO

Em relação ao milho, a Anec estima exportações de 31 milhões de toneladas em 2019, alta de 36 por cento ante o reportado em 2018, ano marcado por uma quebra de produção devido a adversidades climáticas.

Em dezembro, as vendas de milho do Brasil foram de 3,8 milhões de toneladas, segundo a entidade.

© Reuters. Navio carregado com soja no Porto de Santos

"A proximidade da colheita da soja, que deve ser iniciada mais cedo este ano em diversas regiões devido ao plantio realizado logo no início da janela, motivou os produtores a comercializarem seus estoques de milho, liberando espaço para armazenamento da nova safra de soja", destacou a Anec.

(Por José Roberto Gomes)

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