SÃO PAULO (Reuters) - A Companhia Siderúrgica Nacional estimou nesta quinta-feira investimento total de 1,3 bilhão de reais este ano, o que representa um corte de cerca de 41 por cento sobre os 2,2 bilhões de reais despendidos pela empresa em 2014 e vai na esteira de outros cortes de gastos anunciados por rivais para 2015.
Em teleconferência com analistas, o diretor-executivo de relações com investidores da CSN, David Salama, afirmou que a empresa revisou seus planos para 2015 para priorizar investimentos de maior retorno, postergando projetos e se ajustando ao "atual cenário econômico". A Usiminas reduziu investimento de 2015 para 900 milhões de reais, ante 1,1 bilhão em 2014, e a Gerdau pretende investir 1,9 bilhão este ano após 2,3 bilhões no ano passado.
Do total de investimentos da CSN em 2015, cerca de 710 milhões de reais irão para a área de mineração, 317 milhões para siderurgia e 200 milhões para as operações de cimento.
O plano demonstra foco da empresa ainda na produção de minério de ferro, apesar da contínua queda do preço internacional da commodity. A área recebeu em 2014 cerca de 700 milhões de reais em investimentos ante 565 milhões pela siderurgia e 506 milhões de reais foram para cimentos.
A manutenção do nível de investimentos em mineração ocorre enquanto as reservas de minério de ferro da mina Casa de Pedra e Engenho foram elevadas de 1,63 bilhão de toneladas em 2007 para 3,02 bilhões em 2014, após novo processo de certificação.
Segundo o diretor de mineração da companhia, Daniel dos Santos, a CSN pretende exportar de 27 milhões a 28 milhões de toneladas de minério de ferro este ano pelo terminal da companhia em Itaguaí (RJ), ante 32,8 milhões de toneladas em 2014, apoiadas em quedas "expressivas" em valores de frete a partir do segundo trimestre.
O executivo comentou que mesmo que o preço da commodity caia abaixo de 50 dólares a tonelada, as exportações do produto pela empresa continuarão competitivas. Os preços do minério de ferro para entrega imediata na China caíram para 57,70 dólares por tonelada na quarta-feira, o nível mais baixo desde que os dados começaram a ser compilados em 2008 pelo Steel Index.
Santos comentou que o declínio do preço da commodity está tornando operações de mineração na região de Serra Azul, em Minas Gerais, pouco competitivas e que a CSN está conseguindo tomar mercado desses produtores ofertando seus produtos no mercado interno.
O executivo não deu detalhes, mas afirmou que espera "volumes importantes" de vendas de minério de ferro no Brasil pela CSN este ano.
A CSN divulgou mais cedo que encerrou o quarto trimestre com lucro de 67 milhões de reais no quarto trimestre, revertendo prejuízo sofrido um ano antes.
Às 13h34, as ações da CSN disparavam mais de 7 por cento, enquanto o Ibovespa se valorizava em 0,7 por cento.
Analistas do Itaú BBA liderados por Marcos Assumpção consideraram os números operacionais da CSN como acima do esperado, impulsionados por resultados melhores da divisão siderúrgica. Porém, eles se mostraram preocupados com o crescimento do nível de endividamento da companhia, razão para manterem uma recomendação "underperform" (abaixo da média do mercado) para as ações da empresa.
Segundo Salama, a CSN tem uma "preocupação muito grande" com a alavancagem, que no quarto trimestre subiu para quatro vezes medida em termos de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Mas o executivo evitou fazer projeções para o indicador este ano.
Salama comentou que a CSN poderá vender ativos como forma de ajudar a reduzir a alavancagem da empresa, mas afirmou que não há planos imediatos para desinvestimentos. "Temos buscado todas as alternativas possíveis para reduzir a alavancagem", disse o executivo, citando a redução no fluxo de pagamento de dividendos da empresa em 2014 e o corte nos investimentos.
O executivo comentou que a empresa está exposta positivamente ao dólar e que a cada variação de 10 centavos na cotação da moeda, a CSN obtém um incremento de Ebitda de 45 milhões de reais.
AÇO
Na divisão de siderurgia, a CSN estima vendas de 6,2 milhões de toneladas em 2015, alta de 19 por cento sobre 2014, incluindo as operações da empresa na Europa e Estados Unidos, país em que a companhia pretende dobrar as vendas para 600 mil toneladas este ano.
O diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou que a diferença dos preços dos aços laminados a quente e a frio vendidos no Brasil em relação ao material importado estão em cerca de 2 a 5 por cento, considerando um dólar a 3,15 reais.
A avaliação do executivo é que esta diferença deverá colaborar para reduzir o volume de importações de aço pelo país e que o foco da CSN continuará sendo o mercado interno, para onde pretende destina
SÃO PAULO (Reuters) - A Companhia Siderúrgica Nacional estimou nesta quinta-feira investimento total de 1,3 bilhão de reais este ano, o que representa um corte de cerca de 41 por cento sobre os 2,2 bilhões de reais despendidos pela empresa em 2014 e vai na esteira de outros cortes de gastos anunciados por rivais para 2015.
Em teleconferência com analistas, o diretor-executivo de relações com investidores da CSN, David Salama, afirmou que a empresa revisou seus planos para 2015 para priorizar investimentos de maior retorno, postergando projetos e se ajustando ao "atual cenário econômico". A Usiminas reduziu investimento de 2015 para 900 milhões de reais, ante 1,1 bilhão em 2014, e a Gerdau pretende investir 1,9 bilhão este ano após 2,3 bilhões no ano passado.
Do total de investimentos da CSN em 2015, cerca de 710 milhões de reais irão para a área de mineração, 317 milhões para siderurgia e 200 milhões para as operações de cimento.
O plano demonstra foco da empresa ainda na produção de minério de ferro, apesar da contínua queda do preço internacional da commodity. A área recebeu em 2014 cerca de 700 milhões de reais em investimentos ante 565 milhões pela siderurgia e 506 milhões de reais foram para cimentos.
A manutenção do nível de investimentos em mineração ocorre enquanto as reservas de minério de ferro da mina Casa de Pedra e Engenho foram elevadas de 1,63 bilhão de toneladas em 2007 para 3,02 bilhões em 2014, após novo processo de certificação.
Segundo o diretor de mineração da companhia, Daniel dos Santos, a CSN pretende exportar de 27 milhões a 28 milhões de toneladas de minério de ferro este ano pelo terminal da companhia em Itaguaí (RJ), ante 32,8 milhões de toneladas em 2014, apoiadas em quedas "expressivas" em valores de frete a partir do segundo trimestre.
O executivo comentou que mesmo que o preço da commodity caia abaixo de 50 dólares a tonelada, as exportações do produto pela empresa continuarão competitivas. Os preços do minério de ferro para entrega imediata na China caíram para 57,70 dólares por tonelada na quarta-feira, o nível mais baixo desde que os dados começaram a ser compilados em 2008 pelo Steel Index.
Santos comentou que o declínio do preço da commodity está tornando operações de mineração na região de Serra Azul, em Minas Gerais, pouco competitivas e que a CSN está conseguindo tomar mercado desses produtores ofertando seus produtos no mercado interno.
O executivo não deu detalhes, mas afirmou que espera "volumes importantes" de vendas de minério de ferro no Brasil pela CSN este ano.
A CSN divulgou mais cedo que encerrou o quarto trimestre com lucro de 67 milhões de reais no quarto trimestre, revertendo prejuízo sofrido um ano antes.
Às 13h34, as ações da CSN disparavam mais de 7 por cento, enquanto o Ibovespa se valorizava em 0,7 por cento.
Analistas do Itaú BBA liderados por Marcos Assumpção consideraram os números operacionais da CSN como acima do esperado, impulsionados por resultados melhores da divisão siderúrgica. Porém, eles se mostraram preocupados com o crescimento do nível de endividamento da companhia, razão para manterem uma recomendação "underperform" (abaixo da média do mercado) para as ações da empresa.
Segundo Salama, a CSN tem uma "preocupação muito grande" com a alavancagem, que no quarto trimestre subiu para quatro vezes medida em termos de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Mas o executivo evitou fazer projeções para o indicador este ano.
Salama comentou que a CSN poderá vender ativos como forma de ajudar a reduzir a alavancagem da empresa, mas afirmou que não há planos imediatos para desinvestimentos. "Temos buscado todas as alternativas possíveis para reduzir a alavancagem", disse o executivo, citando a redução no fluxo de pagamento de dividendos da empresa em 2014 e o corte nos investimentos.
O executivo comentou que a empresa está exposta positivamente ao dólar e que a cada variação de 10 centavos na cotação da moeda, a CSN obtém um incremento de Ebitda de 45 milhões de reais.
AÇO
Na divisão de siderurgia, a CSN estima vendas de 6,2 milhões de toneladas em 2015, alta de 19 por cento sobre 2014, incluindo as operações da empresa na Europa e Estados Unidos, país em que a companhia pretende dobrar as vendas para 600 mil toneladas este ano.
O diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou que a diferença dos preços dos aços laminados a quente e a frio vendidos no Brasil em relação ao material importado estão em cerca de 2 a 5 por cento, considerando um dólar a 3,15 reais.
A avaliação do executivo é que esta diferença deverá colaborar para reduzir o volume de importações de aço pelo país e que o foco da CSN continuará sendo o mercado interno, para onde pretende destinar 70 a 72 por cento de suas vendas de aço este ano, mesma proporção verificada em 2014.
Martinez comentou ainda que espera uma recuperação do mercado de aço brasileiro a partir do segundo semestre deste ano e que enquanto isso não ocorre a empresa vai reforçar atenção a exportações durante o primeiro trimestre.
(Por Alberto Alerigi Jr., reportagem adicional de Paula Arend Laier, edição de Luciana Bruno)