Governo brasileiro autoriza Bolt a importar energia da Venezuela; teste começa este mês

Publicado 10.01.2025, 10:39
Atualizado 10.01.2025, 16:40
© Reuters. Linha de transmissão de energia em Brasílian6/06/2022nREUTERS/Ueslei Marcelino

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil planeja realizar este mês testes técnicos para retomar as importações de energia elétrica da Venezuela, um plano que o governo Lula tenta viabilizar há mais de um ano para melhorar o suprimento energético a Roraima e reduzir custos aos consumidores.

Na véspera, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou a comercializadora Bolt Energy a importar energia do país vizinho, segundo comunicado divulgado pelo Ministério de Minas e Energia.

A pasta não revelou detalhes sobre a autorização dada, mas, conforme as regras oficiais, a decisão do CMSE deve envolver preços e volumes de energia a ser transacionada, já que esse tipo de operação tem o objetivo expresso de reduzir custos bilionários de suprimento de energia para Roraima.

O Estado é o único do país que não recebe energia da rede elétrica nacional e, com isso, depende de geração termelétrica local, com combustível subsidiado pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um dos principais encargos cobrados na conta de luz. Somente para 2025, a previsão é que os consumidores paguem cerca de 10,3 bilhões de reais para a CCC.

Os valores pagos anualmente à CCC aumentaram desde que a importação de energia da Venezuela foi interrompida em 2019, após uma piora das relações bilaterais entre os países durante o governo Jair Bolsonaro, e o Roraima deixou de contar com essa fonte de suprimento.

A autorização para a Bolt agora segue para apreciação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme rito legal, apontou o ministério.

Procurada, a Bolt Energy afirmou que "segue avaliando opções para a execução de operações na Venezuela e, tão logo tenha definições, utilizará os seus canais oficiais para a comunicação para a divulgação dos avanços".

"É importante ressaltar que a Bolt tem como premissa seguir todo o rito previsto pelos órgãos do setor elétrico para a operacionalização dos seus negócios e, desta forma, atuar em conformidade com a legislação vigente", acrescentou a empresa.

Os testes de desempenho de importação de energia pela linha de transmissão 230 kV Boa Vista – Santa Elena de Uiarén, com duração de 96 horas, estão previstos para este mês, disse o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"O desempenho eficaz da interligação poderá agregar confiabilidade e segurança no atendimento a Roraima... As avaliações são essenciais para verificar a qualidade e continuidade do intercâmbio de energia entre a Venezuela e Roraima", disse o órgão, em nota.

O Estado da linha de transmissão, que ficou anos parada, foi apontado como um impeditivo para o retorno das operações quando o governo brasileiro concedeu uma primeira autorização de importação para a Âmbar Energia, da holding J&F, no fim de 2023.

Na época, a Âmbar chegou a receber autorização do CMSE para importar energia da usina hidrelétrica de Guri, da Venezuela, a preços que variavam de 900 reais/MWh a 1.080,00 reais/MWh, a depender do volume de energia dos contratos. Esses preços, segundo o ministério, representavam uma economia frente aos custos com geração a óleo diesel para Roraima, que chegavam a 1.700 reais/MWh.

© Reuters. Linha de transmissão de energia em Brasília
6/06/2022
REUTERS/Ueslei Marcelino

A autorização da Âmbar para a importação de energia naqueles termos não está mais válida, mas a empresa ainda detém habilitação prévia do governo para tentar a operação.

Também têm habilitação para importação da Venezuela a Eneva (BVMF:ENEV3), uma das maiores geradoras termelétricas do país, a Matrix Energia, que tem como acionistas o grupo suíço Duferco e a Prisma Capital, e as comercializadoras Tradener e Infinity.

(Por Letícia Fucuchima)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.