Por Dave Graham
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O hábito de Donald Trump de bater no México está alimentando sentimento nacionalista na campanha das eleições presidenciais no país, incitando concorrentes a desafiá-lo e fortalecendo a corrida do líder, que está cortejando os votos anti-establishment.
Na última semana, os três principais concorrentes às eleições de julho disseram que o México não pagará pelo muro que o presidente dos Estados Unidos quer construir na fronteira sul dos EUA. Nenhum deles deixou a questão mais clara do que Andrés Manuel López Obrador, um veterano de esquerda que está liderando as pesquisas de opinião.
Uma vitória de López Obrador, que ficou em segundo lugar em 2006 e 2012, poderia resultar em uma relação mais distante e conflituosa entre os dois países, uma vez que ele promete reduzir a dependência mexicana sobre potências estrangeiras.
A dependência é mais forte com os Estados Unidos: o México envia cerca de 80 por cento de suas exportações ao seu vizinho ao norte e os Estados Unidos tradicionalmente têm sido a fonte da maior parte do investimento estrangeiro direto. Sob Trump, no entanto, a opinião mexicana sobre os Estados Unidos azedou.
"Sem ser desrespeitoso, nós vamos colocá-lo em seu lugar", disse Lopez Obrador sobre Trump nesta quinta-feira no porto de Veracruz, no Golfo do México, palco de uma notória humilhação nacional quando as forças dos EUA ocuparam o local em 1914.
López Obrador, que disse mais cedo neste mês que colocaria fim ao que chamou de governos fantoches no México que receberiam instruções "de fora" e prometeu bater de volta as farpas de Trump e dizer ao norte-americano "o que penso" no Twitter.
Uma sondagem em dezembro da empresa de pesquisas Parametria deu a López Obrador uma vantagem de 11 pontos percentuais, enquanto outra pesquisa da Mitofsky na semana passada lhe deu uma vantagem de três pontos, mas crescente.