SÃO PAULO (Reuters) - Apesar da seca nos últimos meses e em meio a previsões de chuvas em outubro, a estimativa de safra de soja de Mato Grosso na temporada 2024/25 foi mantida pelo Instituto Mato-grossense de Ecomomia Agropecuária (Imea), conforme dados divulgados nesta segunda-feira, que apontam também um salto do plantio de algodão na nova temporada e ligeiro recuo no milho.
"Diante desse cenário, a área prevista de soja para a safra 2024/25 permanece em 12,66 milhões de hectares em Mato Grosso, representando um aumento de 1,47% em relação à safra anterior", afirmou o instituto ligado a produtores.
A estimativa de produtividade também se mantém projetada em 57,97 sacas por hectare, um incremento de 11,15% em relação à safra passada, mesmos números do levantamento do mês passado, resultando em uma safra 2024/25 estimada em 44,04 milhões de toneladas, aumento de 12,78% em comparação com o ciclo anterior, quando a seca afetou os cultivos no maior produtor de grãos e oleaginosas do Brasil.
O Imea lembrou que o atraso inicial das chuvas no Estado e as altas temperaturas observadas no território mato-grossense têm dificultado o progresso do plantio, que havia atingido apenas 2% da área projetada até sexta-feira.
"No entanto, conforme relatos dos informantes do Imea, alguns produtores nos últimos dias optaram por iniciar a semeadura da soja mesmo com precipitações abaixo do recomendado, devido à preocupação com a janela da segunda safra", afirmou o relatório.
Segundo a consultoria AgRural, para uma boa janela climática de algodão na segunda safra, as áreas de soja precisam ser semeadas até 15 de outubro. No caso do milho "safrinha", o calendário climático ideal oferece mais 15 dias para a semeadura da oleaginosa nas terras que receberão o cereal posteriormente.
Neste contexto, o Imea divulgou suas primeiras projeções para a segunda safra de soja e milho.
A área plantada com milho registraria um recuo de 0,14% quando comparada com a safra 2023/24, para 6,79 milhões de hectares.
Neste primeiro momento, os produtores continuam desestimulados em relação ao cultivo de milho em algumas regiões do Estado, por conta dos preços. Mas nas regiões Médio-Norte e Noroeste as estimativas são mais positivas, "uma vez que há perspectiva de implantação de uma nova usina de etanol, o que deve estimular a demanda nestas regiões".
Com uma expectativa de produtividade 3,3% menor, a safra 2024/25 foi estimada em 45,54 milhões de toneladas de milho, retração de 3,47% em relação ao ciclo passado, afirmou o instituto.
ALTA NO ALGODÃO
O Imea estimou para a safra 2024/25 de algodão aumento de 6,9% na área plantada em relação a 2023/24, totalizando 1,56 milhão de hectares.
"Apesar dos preços do algodão não estarem em altos patamares, nesse primeiro momento, o cenário de incremento é sustentado pela melhor rentabilidade do algodão em relação às demais culturas", destacou o relatório.
O Imea utiliza a média ponderada das produtividades das últimas três safras no levantamento, o que resultou numa redução de 2,63% ante o estimado para o ciclo 2023/24.
Dessa forma, a produção de pluma ficou projetada em 2,77 milhões de toneladas, volume 4,12% maior que o esperado para a safra 2023/24.
(Por Roberto Samora)