Por Aaron Sheldrick
TÓQUIO (Reuters) - A retomada da produção de energia nuclear no Japão, oficializada na semana passada com a recertificação de dois reatores já antigos, está levando alguns críticos a alertarem que Tóquio está negligenciando as lições de Fukushima.
No primeiro passo deste tipo desde o desastre de 2011, no dia 20 de junho a Autoridade de Regulação Nuclear do Japão aprovou a requisição feita pela operadora Kansai Electric Power Co para prorrogar a vida útil de dois reatores para além de 40 anos.
Quando ficou claro que o órgão regulador iria conceder as prorrogações, um ex-comissário rompeu o silêncio mantido desde que deixou a agência em 2014 e disse que "uma sensação de crise" sobre segurança o levou a ir a público e pedir mais atenção para o risco de um terremoto.
Kunihiko Shimazaki, que foi comissário entre 2012 e 2014, disse que o tremor forte que matou 69 pessoas na ilha de Kyushu em abril mostrou que o risco que alguns dos 42 reatores nucleares operáveis do país correm está sendo subestimado.
"Não posso ficar parado sem fazer nada. Podemos ter outra tragédia e, se isso acontecer, pode não ser algo 'além das expectativas'", disse ele, em referência a uma descrição comum da cadeia de eventos catastrófica ocorrida após o terremoto seguido de tsunami, que provocou o derretimento de reatores da planta nuclear de Fukushima.
O órgão regulador afirmou que irá levar em conta a posição de Shimazaki em algumas de suas avaliações.
De acordo com a Associação Nuclear Mundial, os primeiros reatores foram concebidos para terem uma vida útil de cerca de 30 anos, e as novas plantas nucleares podem operar por até 60 anos.
Uma lei japonesa também limita a vida de todos os reatores a 40 anos, sendo permitidas licenças de extensão apenas em circunstâncias excepcionais.