Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Raízen, gigante do setor de açúcar, energia renovável e distribuição de combustíveis, informou que seu lucro líquido ajustado mais que dobrou no segundo trimestre do ano-safra 2021/22 comparado ao mesmo período do ano passado, atingindo 1,1 bilhão de reais.
A companhia, que passou a contabilizar os ativos da Biosev (SA:BSEV3), cuja aquisição foi concluída em agosto, reportou ainda resultado operacional recorde.
"Com o início do processo de integração da Biosev a partir deste trimestre, aumentamos nossa capacidade de atender o mercado com maior escala, soluções integradas, competitivas, sustentáveis", disse o CEO da companhia, Ricardo Mussa, em nota.
O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado (pró-forma, incluindo Biosev e devidos ajustes) somou 3,3 bilhões de reais, alta de 19,5% na comparação anual.
A integração de ativos da Biosev consolida a Raízen, joint venture da Cosan (SA:CSAN3) com a Shell (NYSE:RDSa), como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e de produtos como etanol e açúcar a partir desta matéria-prima, com a companhia passando a contar com 35 parques de bioenergia e capacidade de processamento por safra de 105 milhões de toneladas.
Também na noite de quinta-feira, a companhia informou o guidance de moagem da Raízen, incluindo Biosev, que deverá ficar entre 76 milhões e 77 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2021/22, distante da capacidade total em meio a problemas climáticos como seca e geadas no centro-sul.
A moagem estimada se compara a uma safra anterior fechada (sem Biosev) de 61,5 milhões de toneladas.
Para o ano-safra, a Raízen ainda prevê um Ebitda ajustado entre 10 bilhões e 11 bilhões de reais, além de investimentos de até 7,55 bilhões de reais, sendo que a operação agroindustrial receberá aportes de até 5,55 bilhões de reais.
O Ebitda ajustado de renováveis foi previsto em até 4,4 bilhões de reais, enquanto o de açúcar em até 2,6 bilhões de reais.
A alavancagem da Raízen atingiu 1,5 vez (dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses) versus 3,2 vez no mesmo período do ano passado, reflexo principalmente da entrada dos recursos do IPO compensado pela saída de caixa referente a aquisição da Biosev.
QUEDA NA MOAGEM
A Raízen destacou que o segundo trimestre da safra segue impactado de maneira significativa por questões climáticas.
"Além da maior seca dos últimos 90 anos, alguns focos de queimadas e as geadas afetaram a produtividade dos canaviais na região centro-sul do país", afirmou.
Os parques de bioenergia da Raízen processaram 37,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar (-5%) no trimestre, encerrando os seis primeiros meses da safra com 68,5 milhões de toneladas de cana moída, 6% abaixo do mesmo período do ano passado.
COMBUSTÍVEIS
Na área de marketing e serviços, a Raízen informou Ebitda ajustado de 917 milhões de reais no trimestre, alta de 1% na comparação anual, com os volumes de combustíveis vendidos em patamar recorde, em especial no Brasil, com crescimento de 15% ante o mesmo período de 2020.
"A demanda no ciclo Otto segue acelerada com a retomada da circulação de pessoas nos grandes centros em razão da melhora dos números da pandemia", afirmou a empresa.
No diesel, o crescimento da demanda tem sido "ainda mais significativo, alavancada por alguns setores da economia como o agronegócio e o de transporte de cargas e passageiros".
Na comparação com o primeiro trimestre, a redução do Ebitda ajustado (-5%) reflete o cenário de preços de combustíveis no Brasil com menos volatilidade, "reduzindo os ganhos oriundos da estratégia de suprimentos e comercialização neste trimestre".
No etanol, disse a Raízen, a queda no volume do combustível próprio vendido (-8%) foi mais do que compensada por maiores preços de venda. O preço médio atingiu 3.664 reais/m³, 63% acima do mesmo período do ano anterior, beneficiando-se do cenário mais atrativo para o biocombustível nos mercados doméstico e externo.