Esta ação disparou quase 10% no Ibovespa hoje e acumula 12% de alta em agosto
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta quinta-feira, dia em que tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos de dezenas de parceiros entraram em vigor, enquanto as incertezas em relação ao impasse comercial entre Brasil e Washington continuam no radar.
Às 9h48, o dólar à vista caía 0,01%, a R$5,4619 na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,07%, a R$5,498 na venda.
A baixa volatilidade do real nesta sessão ocorria na esteira de quatro dias consecutivos de ganhos para a moeda brasileira, em linha com uma ampla fraqueza do dólar nos mercados globais, conforme operadores têm fomentado as apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve neste ano.
Desde o fechamento de quinta-feira passada, o dólar acumula queda de 2,5%.
Nesta quinta, com a divisa dos EUA oscilando pouco ante a maioria de seus pares, incluindo moedas emergentes como o peso mexicano e o peso chileno, o real também mostrava pouca variação no mercado brasileiro.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,02%, a 98,201.
Novamente, as atenções dos agentes financeiros seguem voltadas para o comércio, principalmente devido à entrada em vigor mais cedo das tarifas dos EUA sobre as importações vindas de uma gama de países, como Canadá, Suíça e Índia.
Após meses marcados por negociações comerciais -- e alguns acordos fechados --, Trump está seguindo em frente com seu plano de impor taxas altas a fim de enfrentar os déficits comerciais que os EUA têm com vários parceiros, com o risco de transtornos nas cadeias de oferta e inflação mais elevada.
No cenário doméstico, o mercado nacional acompanha as tentativas do governo brasileiro de negociar com Washington, após a imposição de uma tarifa de 50% por Trump sobre vários produtos brasileiros, mesmo que já tenha excluído alguns bens, como aeronaves, energia e suco de laranja.
Os esforços do governo pareciam não ter tido sucesso até o momento, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando em entrevista exclusiva à Reuters na quarta que não vê espaço para discussões diretas com Trump.
O presidente também afirmou que não pretende anunciar tarifas recíprocas contra os EUA e que não vai desistir de negociar, mesmo admitindo que não há, no momento, interlocução.
As expectativas de um alívio agora estão em torno de uma conversa entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na próxima semana. Haddad indicou que a ligação ocorrerá na quarta-feira.
O governo também pode anunciar em breve um plano de contingência para ajudar empresas e setores afetados pela tarifa de 50%, o que o mercado também aguarda com ansiedade.
"Temos que ficar de olho no que vem nesse plano. Em tese, não deve mexer muito no preço (do real), porque não deve ser um plano muito robusto. Mas vale ficar de olho, porque o governo pode usar como desculpa para mais gastos", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Por fim, investidores globais devem monitorar qualquer novidade sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, depois que o Kremlin apontou mais cedo que Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, se reunirão nos próximos dias.