SÃO PAULO (Reuters) - As usinas do centro-sul do Brasil processaram cerca de 47 milhões de toneladas de cana na segunda metade de junho, ajudadas por condições climáticas bastante favoráveis, recuperando-se de um processamento de 25,8 milhões de toneladas na primeira quinzena do mês, disse nesta segunda-feira à Reuters o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
Padua disse, em entrevista nos bastidores do Global Agribusiness Forum em São Paulo, que as usinas da região deverão produzir no máximo 35 milhões de toneladas de açúcar na atual temporada, apesar de preços elevados, em função de limites da capacidade industrial.
"Tivemos desde 15 junho previsão de 30 dias de safra sem nenhum clima que atrapalhe," disse o diretor. "No ano passado, na segunda quinzena de junho tivemos 47 milhões de toneladas de cana processadas. O número de usinas é mais ou menos o mesmo, provavelmente essa quinzena será muito parecida com o ano passado," disse.
Esse desempenho colocará a safra cerca de 20 milhões de toneladas à frente do que foi visto no último ano e deve contribuir para um período normal de processamento, encerrando no início de dezembro, de acordo com Padua.
No último ano, o fenômeno climático El Nino provocou chuvas acima da média para a maior parte do centro-sul, atrasando o processamento da cana e fazendo com que usinas continuassem a operar após dezembro.
Os preços do açúcar atingiram na última semana seus níveis mais altos desde 2012 com perspectivas de no mínimo dois anos de déficit na oferta global.
Ainda assim, usinas do centro-sul podem não ser capazes de produzir mais açúcar do que o volume inicialmente projeto pela Unica, de 35 milhões de toneladas.
Alguns analistas recentemente elevaram as estimativas de produção para o centro-sul acima desta marca, dizendo que os preços fariam as usinas destinar mais cana para a produção de açúcar do que para a produção de etanol.
Padua contestou dizendo que a capacidade industrial de produção de açúcar do centro-sul é limitada à máxima de 35 milhões de toneladas. Ele enxerga movimentações de algumas usinas para expandir essa capacidade para o próximo ano.
(Por Marcelo Teixeira)