Por Nayara Figueiredo
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A produção de açúcar no centro-sul do Brasil atingiu 1,70 milhão de toneladas na segunda quinzena de setembro, queda de 27,32% no comparativo anual, após impactos de fortes chuvas na região sobre a colheita de cana e as operações das usinas, disse nesta terça-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
O volume fabricado no principal polo produtor do adoçante ficou abaixo das expectativas do mercado, visto que analistas consultados pela S&P Global Commodity Insights esperavam que a produção totalizasse 1,96 milhão de toneladas.
Os resultados ainda contribuíram para impulsionar os preços do açúcar bruto na bolsa de Nova York. Nesta sessão, o contrato março operava em alta de 0,48%, a 18,70 centavos de dólar por libra-peso às 12h22 (horário de Brasília).
De acordo com a Unica, a moagem de cana-de-açúcar na segunda quinzena de setembro ficou em 25,29 milhões de toneladas no centro-sul, recuo de 29,73% em relação ao volume processado no mesmo período do ano passado.
"A queda assídua registrada na segunda metade de setembro é consequência dos altos níveis pluviométricos nas regiões produtoras da cultura", disse em nota.
Com base em dados do Inmet, a entidade destacou que, no último mês, a precipitação foi bastante intensa principalmente nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e no sul de Minas Gerais.
"Esse evento prejudicou o avanço das operações de colheita e da indústria que, por consequência, foi responsável pelo decréscimo na produção registrada", acrescentou.
Por outro lado, a Unica disse que a produtividade agrícola no mês de setembro foi na direção contrária e apresentou forte avanço em relação ao observado no mesmo período do ciclo agrícola anterior.
Com relação ao etanol, 1,42 bilhão de litros de etanol foram fabricados na segunda quinzena de setembro, queda de 28,64%, mostraram os dados.
Além do cenário negativo para a moagem, também pesou sobre o desempenho do biocombustível o recuo no mix de produção. A safra continua mais alcooleira, mas o percentual de matéria-prima destinado para a fabricação de açúcar aumentou de 43,78% no mesmo período do ciclo anterior para 45,42%.
Do volume total de etanol produzido na segunda metade de setembro, o hidratado alcançou 728,77 milhões de litros (-36,75%), enquanto a produção do biocombustível anidro totalizou 695,14 milhões de litros (-17,55%).
A Unica destacou que a produção de etanol a partir do milho na segunda quinzena de setembro registrou 170,4 milhões de litros, frente aos 149,68 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2021/2022 – avanço de 15,18%.
VENDAS DE ETANOL
No mês de setembro, as unidades produtoras do centro-sul comercializaram 2,67 bilhões de litros de etanol, o que representa um aumento de 8,12% em relação ao mesmo período da safra 2021/2022, conforme dados da Unica.
No mercado interno, o volume de etanol hidratado comercializado foi de 1,38 bilhão de litros, o que significa um aumento de 4,67% em relação ao mesmo período da safra anterior. As vendas domésticas de etanol anidro, a despeito do aumento de mais de 3% na segunda metade do mês, totalizaram 938,83 milhões de litros em setembro, o que representa uma redução de 1,8%.
"No mercado externo, um volume robusto de vendas foi registrado, confirmando o line-up projetado para o mês de setembro", disse a entidade.
Ao todo, as exportações de etanol pelas unidades produtoras foram de 350,46 milhões de litros no mês (+80,23%).
Até o dia 1º de outubro, 240 usinas estavam em operação no centro-sul frente a 222 na safra 2021/22. Na segunda quinzena de setembro, 12 unidades produtoras encerraram a moagem de cana-de-açúcar do atual ciclo. No acumulado, o encerramento de safra atinge 18 unidades.
(Reportagem de Nayara Figueiredo; edição de Marta Nogueira)