Por Rania El Gamal e Ahmad Ghaddar
VIENA (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados parecem estar prontos para aumentar os cortes na oferta de petróleo na semana que vem para, pelo menos, até o final de 2019, agora que o Iraque se juntou aos grandes produtores Arábia Saudita e Rússia no domingo apoiando uma política que tem como objetivo aumentar o preço do petróleo cru em meio ao enfraquecimento da economia mundial.
O Irã é o único grande produtor da Opep que ainda não se manifestou publicamente sobre a necessidade de aumentar os cortes de produção. No passado, Teerã já foi contrário a políticas apresentadas por sua arquirrival Arábia Saudita, dizendo que o governo de Riad era muito próximo de Washington.
Os Estados Unidos não são membros da Opep, e nem participam no acordo que instituiria um corte de produção. Washington já exigiu que Riad forneça mais petróleo para compensar a queda nas exportações do Irã, depois da aplicação de novas sanções sobre Teerã por conta de seu programa nuclear.
A Opep e seus aliados, liderados pela Rússia, têm reduzido a produção de petróleo desde 2017 para prevenir que os preços caiam em meio ao aumento expressivo da produção dos Estados Unidos, que se tornaram o principal produtor da commodity este ano, batendo Arábia Saudita e Rússia.
Temores sobre uma demanda global mais fraca, resultante da disputa comercial entre Estados Unidos e China, entraram na lista dos desafios enfrentados nos últimos meses pela Opep, entidade que é composta por 14 países membros.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse no sábado que havia acertado com a Arábia Saudita a extensão dos atuais cortes de produção de 1,2 milhões de barris por dia, ou 1,2% da demanda global, para um período adicional entre seis e nove meses - até dezembro de 2019 ou março de 2020.
O ministro de Energia, Khalid al-Falih, disse que o acordo provavelmente seria estendido por mais nove meses, sem que nenhuma redução mais profunda fosse necessária.
"É um prolongamento, e está acontecendo", dise Falih, cujo país é o líder de fato da Opep.
A jornalista Warren Patterson, diretor de estratégia de commodities no banco holandês ING, disse que a Opep tinha mais a perder se não estendesse o acordo.
"No final é uma questão de preços que cumpram uma meta fiscal - os sauditas tem um preço ideal de 85 dólares por barril, então eles estarão preocupados sobre potencialmente aumentar o intervalo entre este nível e o preço praticado pelo mercado", disse.
O preço de referência do petróleo Brent aumentou mais de 25% desde o início de 2019, para 65 dólares o barril. Mas os preços poderiam congelar com o desaquecimento da economia global, que diminuiria a demanda, e com o aumento de oferta do petróleo norte-americano, de acordo com uma pesquisa da Reuters com analistas do mercado.