Por Barani Krishnan
Investing.com - O ouro manteve seu segundo dia consecutivo de rali enquanto o dólar e os rendimentos do Tesouro dos EUA tentavam reencontrar seu espaço, em meio a pressões contínuas sobre os mercados de risco em função da crise de dívida da maior incorporadora imobiliária da China, a Evergrande (OTC:EGRNY).
As incertezas sobre o resultado da reunião de dois dias sobre política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que se encerra com uma coletiva de imprensa na quarta-feira, com o Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, também manteve o risco sob controle. As ações tiveram uma forte recuperação no início do pregão, antes de entrarem em volatilidade com especulações quanto à capacidade da Evergrande de honrar os US$ 83 milhões em juros sobre seus empréstimos na sexta-feira.
O índice do dólar, fixado em relação a seis moedas principais lideradas pelo euro, apresentava ligeiro recuo a 93,23 às 14h50. Os rendimentos da nota do Tesouro dos EUA de 10 anos subiam para 1,321%.
"Dependendo do desenrolar da situação da Evergrande nos mercados, o ouro poderia continuar encontrando compradores em busca de um porto seguros, ou o interesse de compra pode se evaporar mais uma vez com a mesma velocidade com que surgiu, especialmente se o governo da China tranquilizar o nervosismo" dos investidores, afirmou Jeff Halley, analista da plataforma de negociação online OANDA.
"De qualquer forma, se o FOMC der sinais concretos de um calendário para o tapering na reunião de quarta-feira, o ouro retomará sua direção descendente, uma vez que isso inevitavelmente conduziria a um dólar mais forte".
O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA para Dezembro fechou em alta de US$ 15,05, ou 0,9%, a US$ 1.778,85 por onça no Comex de Nova York, após uma máxima no pregão de US$ 1.782,70. Na segunda-feira, quando a crise de Evergrande explodiu, o ouro de dezembro fechou o pregão com alta de 0,7%.
Halley observou que, apesar da recuperação de dois dias, o ouro continua a ter resistência acima dos US$ 1.770.
"Mesmo que o sentimento de risco continue negativo, é difícil ver o ouro a recapturar esse último", disse. "O ouro tem suporte em US$ 1.742, seguido de US$ 1.720 por onça, seguido de um suporte de longo prazo na região dos US$ 1.675. Dada a recente atividade de preços do ouro, o seu caminho de menor resistência continua a ser para baixo, apesar da pausa temporária".
A reunião do FOMC do Fed pode revisitar a redução gradual do programa de estímulo do banco central que vem alimentando os preços das ações nos últimos 18 meses. O banco central vem comprando US$ 120 bilhões em títulos e outros ativos desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, para ajudar a economia. O banco central também vem mantendo as taxas de juros em níveis praticamente zero.
O Presidente Powell e os seus colegas mais sêniores no banco central até agora deram declarações contraditórias sobre a redução do estímulo, sendo que o consenso geral do mercado é que qualquer redução não vai acontecer antes de novembro.
A falta de um anúncio imediato sobre o tapering pode impactar o dólar e os rendimentos do Tesouro, estendendo a boia salva vidas do ouro.
Mesmo assim, o metal precisa recapturar o patamar de US$ 1.800 para poder sustentar sua tendência, disse Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico chefe da SK Charting de Calcutá, na Índia.
"A tendência principal só muda com uma negociação firme acima da zona dos US$ 1.835, e isso falhou diversas vezes", Dixit afirmou.