Por Clyde Russell
LAUNCESTON, Austrália (Reuters) - A redução da meta de crescimento econômico da China para 5,5% em 2022 parece à primeira vista ser baixista para os preços do minério de ferro, mas há outros fatores em jogo que provavelmente manterão a pressão de alta sobre a matéria-prima de aço.
Há pouca dúvida de que a China, a segunda maior economia do mundo e o maior importador de commodities, está enfrentando dificuldades, tanto domésticas quanto globais.
Não é de surpreender que o primeiro-ministro Li Keqiang tenha reduzido a meta de crescimento de 6% em 2021 (embora a economia tenha expandido 8,1%) em seu relatório para a sessão anual do parlamento.
A China já está cortando as taxas de juros, os governos locais estão começando a aumentar os gastos com infraestrutura e cortes de impostos são esperados - todos propulsores da demanda por aço.
As importações de minério de ferro da China tiveram um início de ano estável, com a Refinitiv estimando chegadas em 83,69 milhões de toneladas em fevereiro e 86,14 milhões em janeiro, praticamente em linha com os 88,4 milhões de dezembro e os 89,29 milhões de novembro.
As importações de minério de ferro se mantiveram nos dois primeiros meses de 2022, apesar das restrições à produção de aço, já que as autoridades de Pequim tentaram limitar a poluição durante o inverno e durante os Jogos Olímpicos de Inverno na cidade.
Agora que essas restrições estão terminando e as medidas de estímulo estão começando a fluir para a economia da China, é provável que a demanda por aço aumente, elevando as importações de minério de ferro nos próximos meses.
No geral, o cenário doméstico parece positivo para o minério de ferro, apesar da meta de crescimento econômico reduzida, uma vez que o crescimento da China provavelmente será composto por atividades intensivas em aço.
Fatores externos também podem estar se alinhando para uma produção de aço mais forte na China, dada a crise em curso criada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia são importantes exportadores de minério de ferro e produtos siderúrgicos, um comércio que deve desaparecer nos próximos meses.
A Ucrânia não poderá exportar devido à guerra, e os embarques da Rússia provavelmente enfrentarão dificuldades, pois os compradores estão barrando seu próprio comércio com a Rússia em meio à indignação com a violência infligida à Ucrânia, bem como desafios para organizar pagamentos, transporte e seguro para compras de commodities.
A perda das exportações de minério de ferro da Ucrânia é relativamente pequena, mas forçará os compradores a procurar o insumo em outros lugares, com as siderúrgicas europeias provavelmente se voltando para exportadores da bacia do Atlântico, como Brasil e África do Sul, enquanto os importadores asiáticos tentarão obter mais da Austrália, principal exportador, e talvez de produtores de segunda linha, como Irã e Índia.
Perder essa oferta vai apertar um pouco o mercado na China, que compra cerca de 70% do minério de ferro no comércio marítimo global.