Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) - Os preços dos contratos futuros do café arábica e robusta na bolsa ICE devem encerrar 2024 mais altos do que agora, devido a preocupações com o clima e a redução da oferta, mostrou uma pesquisa da Reuters com 11 traders e analistas nesta sexta-feira.
Os preços do café arábica devem subir para 2,60 dólares por libra-peso até o final do ano, de acordo com a previsão mediana da pesquisa, 7% acima do fechamento de quinta-feira.
Para o café robusta, a expectativa é de que os preços terminem o ano 4% mais altos, a 4.750 dólares por tonelada. Isso colocaria os preços do robusta em seu nível mais alto em pelo menos 16 anos.
Os participantes da pesquisa disseram que a oferta de café ficará mais restrita durante a temporada de outubro de 2024 a setembro de 2025. A previsão mediana é de que a produção superará a demanda em apenas 150.000 sacas, ou um quinto de um excedente estimado em 700.000 sacas em 2023/24.
A principal razão para esse declínio é a incapacidade do Vietnã, o maior produtor mundial da variedade robusta, de produzir a níveis superiores a 30 milhões de sacas como em anos anteriores. A mediana das previsões da pesquisa para a produção do Vietnã é de 28 milhões de sacas no próximo ano-safra de 2024/25.
No entanto, espera-se que a produção do Brasil aumente, com a mediana das previsões apontando 70,75 milhões de sacas no ano-safra de julho de 2025 a junho de 2026, contra 68,1 milhões na safra de 2024/25.
"O principal fator no mercado (...) é o óbvio: o clima", disse Harris Hesse, proprietário da Cardiff Coffee Trading em San Diego, Califórnia.
Condições climáticas desfavoráveis atingiram as safras de café em muitas regiões do mundo, e a produção de robusta caiu na Ásia na última temporada, com os agricultores tentando recuperar a produção este ano.
O Brasil está produzindo uma safra menor do que a inicialmente esperada, enquanto as condições para a nova safra são adversas, com a umidade do solo no nível mais baixo dos últimos sete anos.
A analista de commodities Judith Ganes, presidente da J.Ganes Consulting, disse que há uma grande preocupação com as safras de café no Brasil e como elas florescerão e frutificarão devido à longa estiagem no país.
Alguns analistas que participaram da pesquisa, entretanto, esperam que os preços caiam. Eles disseram que os países consumidores têm importado café excedente devido à futura regulamentação europeia antidesmatamento (EUDR), que proibirá os compradores da Europa de importar commodities produzidas em terras desmatadas a partir de 2025.
"Acredito que no início de dezembro, quando estiver muito próximo do prazo de implementação da EUDR para que o café seja comprado e exportado para a UE, os preços começarão a cair", disse um dos analistas.
(Reportagem de Marcelo Teixeira)