O preço do barril do petróleo bateu o recorde do ano nesta 5ª feira (28.set.2023) ao ser negociado a US$ 97,69. Esse é o maior valor da commodity desde agosto de 2022, quando rompeu a marca de US$ 100. Diante desse cenário, a Petrobras (BVMF:PETR4) será pressionada a elevar o preço dos combustíveis no Brasil para não aumentar ainda mais a defasagem frente aos praticados no exterior.
Segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a defasagem da gasolina comercializada pela estatal está em 8%, o equivalente a R$ 0,27 o litro. Já a situação do diesel é mais delicada. O principal combustível dos caminhões alcançou uma defasagem de 18% nesta 5ª (28.set), o que implica um custo de R$ 0,75 por litro abaixo do praticado no mercado internacional.
Outro fator externo que pressiona por um aumento no diesel é a decisão da Rússia de cortar as exportações do combustível em 30%. Isso porque o país negociava a um preço abaixo do mercado internacional devido às sanções aplicadas e conquistou 75% do mercado de importação no Brasil em agosto.
Com a restrição russa, os importadores brasileiros terão que recorrer a outros mercados para atender a demanda, dessa vez a um preço mais elevado. Nesse caso, a Petrobras será pressionada a aumentar seu preço para mitigar qualquer risco de desabastecimento do combustível.
Em conversa com o Poder360, o sócio-fundador e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, explicou que o valor recorde do petróleo tem aspectos positivos e negativos para o país.
Por um lado, a condição de exportador de petróleo do Brasil permite que o país arrecade mais receitas com a venda do produto. Os Estados que recebem royalties da exploração seriam os mais beneficiados, mas a União também tem direito a boa parte dessa receita.
Além disso, o câmbio do dólar superior a R$ 5 turbina ainda mais essas receitas, pois o Brasil negocia o petróleo na moeda norte-americano que é muito mais valorizada que o real brasileiro.
Por outro lado, o alto valor da commodity obriga a Petrobras a aumentar o preço dos combustíveis, pressionando a inflação.
Caso a estatal decida manter o preço no mercado interno e equilibrar esse aumento nas receitas com um subsídio aos combustíveis, a companhia será pressionada por seus acionistas e pode se desvalorizar, além de correr risco de desabastecimento, pois não contará com o apoio dos importadores que complementam a demanda nacional.
“Se você não aumentar o preço do combustível você corre o risco de desabastecimento, porque o importador não traz o produto. Ele não vai trazer caro e vender barato aqui dentro. No caso do diesel a gente vinha tendo sorte por causa do diesel russo que vinha com um desconto grande em relação ao preço internacional. Isso que permitia que a Petrobras segurasse o preço no mercado interno”, disse Pires.