Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo subiram na sexta-feira após a viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, à Arábia Saudita não resultar em qualquer compromisso de aumento de oferta, apesar da perspectiva de que bloqueios sanitários mais amplos na China contra a Covid-19 possam limitar a demanda.
Às 11h53 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano avançava 4,26%, a US$ 98,83 por barril, enquanto o Brent se valorizava 4,38%, a US$ 105,59 por barril, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA apresentava alta de 2,24%, a US$ 3,2853 por galão.
A viagem de Biden à Arábia Saudita não resultou em qualquer promessa de aumento de oferta por parte do maior país produtor da Opep, como era amplamente esperado, após autoridades sinalizarem com antecedência que isso aconteceria.
Os preços do petróleo ainda avançavam após comentários do ministro de relações exteriores da Arábia Saudita, o príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, durante a cúpula EUA-Países Árabes no sábado, no sentido de que não havia discutido sobre o petróleo e que o fórum da Opep+ ainda era o veículo através do qual o reino implementava sua política de produção.
“A próxima reunião da Opep+ é em 3 de agosto”, disseram os analistas da ING em nota. “No entanto, com exceção da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes, há poucos obstáculos no caminho da capacidade ociosa entre os produtores”.
O que pode impactar a oferta nesta semana é a retomada dos fluxos de gás da Rússia para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1, cujo manutenção deve terminar na quinta-feira.
Temores de que a Rússia decida estender a desativação da tubulação, como retaliação política por causa da guerra na Ucrânia, podem fazer com que o petróleo Brent encontre suporte, já que a Alemanha, em particular, busca fontes alternativas de energia.
O que também estava ajudando a alçar os preços do petróleo na segunda-feira era o recuo do dólar desde as máximas plurianuais, na medida em que uma moeda americana mais fraca faz com que as commodities nela denominadas fiquem mais acessíveis a detentores de outras divisas.
Ambos os contratos de referência registraram, na semana passada, suas maiores desvalorizações semanais em cerca de um mês diante de receios de que um aperto monetário mais agressivo por parte dos bancos centrais ao redor do mundo, com destaque para o Federal Reserve dos EUA, possa resultar em uma profunda desaceleração do crescimento econômico, afetando a demanda de petróleo.
Além disso, a China registrou 510 casos de coronavírus no domingo, depois de as infecções saltarem para 580 no sábado, nível mais alto desde 23 de maio. Isso fez com que Xangai passasse a realizar testes em massa em diversos distritos, aumentando temores de que o maior país importador de petróleo do mundo será novamente forçado a ampliar os bloqueios sanitários, que prejudicam a economia.
Dados divulgados na semana passada mostraram que as importações petrolíferas chinesas em junho afundaram até seu patamar mais baixo desde julho de 2018.
Os últimos dados de posicionamento, divulgados na semana passada, mostraram que as compras líquidas de contratos de petróleo Brent na ICE tiveram queda de 3.374 lotes, para um total de 139.628 lotes.
“Essa é a menor posição líquida comprada desde novembro de 2020", ressaltou a ING. “O declínio visto nas compras líquidas desde meados de junho é reflexo das preocupações com a perspectiva de demanda, diante do temor de uma recessão”.