Investing.com – O petróleo passa por um período de volatilidade, com os operadores atentos a cada nova notícia e projeção dos especialistas, o que tem provocado fortes oscilações nas cotações tanto do Brent quanto do WTI.
Ben Laidler, estrategista de mercados globais da eToro, ressalta que “os preços do petróleo podem ter se estabelecido em um patamar mais alto, graças ao corte expressivo na oferta feito pela Opep+ e a uma demanda global acima das expectativas. Isso é muito favorável para a maioria das empresas do setor, na medida em que os preços estão bem acima dos níveis de rentabilidade operacional, e as margens amplas no processo de refino aumentam ainda mais os ganhos para muitas delas.”
Porém, daqui para frente, as coisas podem ficar mais complicadas – destaca o analista – o aumento dos preços do petróleo pode sofrer uma “autocorreção”, devido a preocupações com uma queda do consumo por conta do cenário macro global.
“Além disso, a valorização do barril deve testar a determinação da Opep em manter os cortes na produção. Por outro lado, as curvas de futuros estão atualmente muito deprimidas, o que reflete a expectativa de uma redução drástica nos preços à frente. No entanto, de forma paradoxal, essa situação também está sustentando os preços no momento atual. Cabe lembrar que os estoques mundiais estão em queda. O mundo está de olho nisso, pois preços mais elevados podem afetar as perspectivas de inflação e taxas de juros mais baixas”, complementa.
De acordo com o especialista da eToro, “a demanda está focada nas perspectivas econômicas desafiadoras da China. Embora corresponda a ‘apenas’ 15% da demanda global de petróleo, é responsável por 70% do aumento de 2,3 milhões de barris por dia deste ano. A expectativa é que esse crescimento diminua no ano que vem, à medida que o crescimento global se estabiliza e as normas de eficiência da transição energética e o aumento de veículos elétricos tenham um impacto maior.”
“A recomposição da reserva estratégica de petróleo dos EUA deve fornecer certo suporte à demanda. A Opep representa 28% da oferta mundial de petróleo e reduziu sua produção em 1 milhão de barris por dia desde o final de 2022, chegando ao seu nível mais baixo em dois anos. Os EUA responderam por 80% do aumento da produção mundial neste ano, mas o número de sondas em operação está agora 15% abaixo do pico recente. Os estoques estão abaixo da média, especialmente os de produtos refinados”, afirma Laidler.
Para concluir, o analista destaca que o mercado futuro indica que os investidores esperam preços mais baixos, como ilustra o gráfico abaixo. Essa “retração” pode ser positiva, contrariando a intuição.
- Os preços mais altos incentivam a venda de estoques, o que apoia os preços futuros.
- Estimulam a produção atual em vez do investimento na produção futura.
- Permitem que os operadores adquiram mais petróleo pelo mesmo custo, por meio de contratos com preços mais baixos.