Os contratos futuros de petróleo fecharam sem direção única nesta quinta-feira, 21, com o mercado ponderando os efeitos do governo do norte-americano Joe Biden para a commodity. Em um de seus primeiros atos, o presidente dos Estados Unidos colocou o país de volta ao Acordo de Paris, o que pode ter alguma influência sobre a demanda no longo prazo. Já no curto prazo, os estímulos fiscais propostos por Biden podem aumentar o consumo no país, o que tenderia a impulsionar o óleo. Há ainda a questão de um acordo com o Irã, que poderia aumentar a oferta internacional.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de petróleo WTI para março encerrou o dia em baixa de 0,34%, a US$ 53,13, enquanto na Internacional Exchange (ICE), o barril de petróleo Brent para o mesmo mês terminou a sessão com avanço de 0,04%, a US$ 56,10.
O petróleo operou grande parte do dia em baixa, com dúvidas gerando cautela nos negócios. No fim da sessão, o dólar ampliou sua desvalorização ante outras moedas fortes e deu impulso aos preços do petróleo, na medida em que deixou o barril mais barato para detentores de outras divisas.
O Commerzbank avalia como "complexas" as implicações para o mercado de petróleo do governo Biden. O que terá mais impacto na demanda, "estímulos econômicos de curto prazo ou a eliminação gradual de longo prazo dos combustíveis fósseis nos setores de transporte e produção de eletricidade"? É a questão que a administração coloca.
Pelo lado da oferta, as possíveis complicações que o governo deve implementar à extração nos EUA, com a proibição de fracking em terras públicas e ausência de estímulos também é ponderada.
"É mais provável que o novo presidente dos Estados Unidos busque uma reaproximação com o Irã sobre o acordo nuclear. Se um acordo for alcançado, as exportações iranianas podem aumentar rapidamente novamente em cerca de 2 milhões de barris por dia", avalia o Commerzbank.
O secretário de Estado designado por Biden, Antony Blinken, afirmou que espera uma aproximação, mas que um acerto ainda está longe e deverá envolver questões além do tema nuclear, como os mísseis que o Irã desenvolveu, sendo mais uma dúvida.
"No curto prazo, entretanto, os massivos estímulos econômicos em particular provavelmente darão suporte ao preço do petróleo", projeta o banco alemão. O Danske Bank também avalia o cenário como positivo para os preços, citando o dólar mais fraco e os cortes na produção da Arábia Saudita. No entanto, no caminho para a vacinação o banco pondera "longos lockdowns" e excesso de oferta, tendo os preços dentro "dos limites pelo resto do ano".
Em relatório, a Fitch também aponta a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e a pandemia como drivers dos preços da commodity em 2021.
"A demanda global por petróleo pode diminuir marginalmente no primeiro trimestre de 2021, já que muitas regiões, incluindo muitos países europeus, reintroduziram as restrições à mobilidade para conter a pandemia", alerta a Fitch. "No entanto, as restrições atuais são menos rigorosas e mais localizadas do que em abril e maio de 2020. A rápida recuperação econômica da China também apoia o petróleo", pondera a agência.