Investing.com -- Os preços do petróleo atingiram os níveis mais altos do ano nesta quinta-feira, 14, sustentados pela perspectiva de escassez de oferta, que ofuscou as preocupações com a desaceleração econômica e o aumento dos estoques nos EUA.
Às 10h50 de Brasília, o petróleo norte-americano avançava 1,46%, a US$ 89,81 por barril, enquanto o Brent se valorizava 1,50%, a US$ 93,26 por barril, no mercado futuro.
Ambas as referências do setor devem terminar a semana com forte alta, dando continuidade ao avanço da semana anterior, após a Arábia Saudita e a Rússia anunciarem que manterão os cortes voluntários na produção até o final do ano.
Restrição de oferta impulsiona os preços
A decisão desses dois grandes países produtores de restringir a oferta resultará em um déficit de mercado no último trimestre do ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu relatório mensal divulgado na última quarta-feira.
A expectativa de mercados menos abastecidos provavelmente dará suporte aos preços nos próximos meses, como também observou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em seus relatórios mensais no início desta semana.
A Opep também manteve suas projeções de forte crescimento na demanda global por petróleo este ano e no próximo, afirmando que “os níveis de demanda global por petróleo anteriores à covid-19 serão superados em 2023”.
Aperto monetário gera preocupações
Esse tom otimista ajudou os investidores a ignorar as preocupações com as taxas de juros mais altas nos EUA, capazes de afetar a atividade econômica no maior país consumidor mundial de energia.
Dados divulgados na quinta-feira mostraram que os preços ao produtor nos EUA subiram mais do que o esperado em agosto, enquanto as vendas no varejo aumentaram inesperadamente, sugerindo um cenário misto de inflação persistente e consumo resiliente antes da decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima semana.
Os estoques nos EUA cresceram inesperadamente na semana até 8 de setembro, com um aumento no armazenamento de gasolina e destilados, indicando que a demanda por combustíveis estava começando a diminuir com o fim da temporada de verão.
Além disso, o Banco Central Europeu elevou as taxas de juros em 25 pontos-base até a máxima histórica na quinta-feira, o décimo aumento consecutivo, com as autoridades enfatizando o compromisso de combater a inflação elevada na zona do euro.
“A inflação continua arrefecendo, mas a expectativa é que permaneça alta por muito tempo”, afirmou o BCE em comunicado.
Dados econômicos da China encerram a semana
A semana termina com mais indicadores econômicos do maior país importador de petróleo do mundo, com leituras de produção industrial e vendas no varejo da China previstas para sexta-feira.
Embora alguns indicadores econômicos, especialmente os de comércio e inflação, tenham mostrado melhorias marginais na economia chinesa em agosto, o sentimento geral em relação ao país permaneceu amplamente negativo, já que enfrenta uma recuperação econômica mais lenta.
Isso também manteve os mercados céticos quanto à capacidade da China de estimular a demanda global por petróleo até as máximas recordes este ano.
(Com contribuições de Ambar Warrick. Tradução de Julio Alves.)