Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo avançavam nesta sexta-feira, após o excelente relatório de empregos nos EUA, apesar do aumento das expectativas de um agressivo aperto monetário do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), o que poderia pesar sobre o crescimento do maior país consumidor do produto no mundo.
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Às 11h20 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano subia 1,39%, a US$ 89,78 por barril, enquanto o petróleo Brent se valorizava 1,44%, a US$ 95,51, no mercado futuro.
Já o contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA avançava 1,77%, a US$ 2,8431 por galão.
A geração de empregos nos EUA acelerou em julho, com as folhas de pagamento não agrícolas subindo 528.000 durante o mês, em comparação com o número revisado de 398.000 em junho.
Os analistas esperavam que houvesse uma desaceleração para 250.000 de vagas criadas, em vista da possibilidade de a disparada da inflação e do aumento de juros prejudicarem a demanda por mão de obra na maior economia do planeta.
As fortes tendências de emprego são um sinal positivo para os banqueiros centrais e algo que o Federal Reserve acompanha de perto, à medida que se aproxima da sua próxima reunião de setembro.
Nos últimos dias, os analistas avaliavam as chances de o Fed começar a diminuir as agressivas elevações de 75 pbs realizadas em junho e julho, dado que os últimos números do PIB apontavam que a economia dos EUA havia entrado em recessão técnica, mas os números do mercado de trabalho indicam que o banco central do país dará prosseguimento ao seu forte aperto.
A forte alta nas folhas de pagamento também se traduziu em um salto da moeda americana, com o Índice Dólar subindo mais de 1%, para 106,670.
Isso também pesa sobre o mercado de petróleo, haja vista que a valorização da moeda faz com que as commodities nela precificadas fiquem mais caras para clientes de outros países.
O mercado petrolífero já demonstrava fraqueza antes do relatório de empregos, com a cotação do barril atingindo uma nova mínima de sete meses ao longo da noite, além da previsão do Banco da Inglaterra de que haverá uma prolongada recessão no Reino Unido, por causa do momento de aversão ao risco mais amplo nos mercados globais, levando à aparente capitulação de vários agentes que apostavam na alta do petróleo.
Dados da CFTC até terça-feira podem jogar alguma luz sobre a forma como se formou o posicionamento durante a liquidação, após sua divulgação ainda na sessão de hoje.
Ainda assim, apesar de o mercado petrolífero ter devolvido todos os ganhos auferidos após a invasão da Rússia na Ucrânia, é importante apontar que a oferta mundial continua restrita.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) concordou em elevar a oferta em apenas 100.000 barris por dia em setembro, na reunião de quarta-feira, restando dúvidas sobre a capacidade de muitos integrantes do grupo de cumprir suas promessas.
Além disso, embora haja a expectativa de retomada das tratativas envolvendo o acordo nuclear com o Irã, podendo acabar com as sanções à República Islâmica, permitindo, assim, que volte a exportar petróleo no mercado mundial, o progresso real parece enfrentar obstáculos nesse sentido.