Investing.com – Os preços do petróleo operavam em alta na manhã desta sexta-feira, 20, caminhando para encerrar a semana no positivo, diante de notícias de que os EUA pretendiam reabastecer suas reservas estratégicas e de temores cada vez maiores de que a crise entre Israel e Gaza possa se espalhar pelo Oriente Médio, eventualmente interrompendo o fornecimento.
Às 10h40 de Brasília, o barril do Texas (WTI), que serve de referência para os EUA, avançava 0,89%, a US$ 89,14, enquanto o barril de Brent, referência mundial e para a Petrobras (BVMF:PETR4), se valorizava 0,81%, a US$ 93,09 no mercado futuro.
Ambos os referenciais devem encerrar a segunda semana consecutiva de ganhos, com o WTI subindo 2%, e o Brent, 2,8%.
EUA pode reabastecer reserva estratégica
O mercado petrolífero ganhou impulso com a notícia de que o presidente dos EUA, Joe Biden, retomou os esforços para recompor a Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês).
O Departamento de Energia do país anunciou na quinta-feira, 19, duas licitações separadas para a compra de petróleo, totalizando 6 milhões de barris, para serem entregues entre dezembro deste ano e janeiro de 2024.
O governo norte-americano havia retirado cerca de 200 milhões de barris da SPR desde o início de 2022, reduzindo a reserva ao seu nível mais baixo em quase 40 anos, em uma tentativa de aliviar os altos preços da gasolina após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Conflito entre Israel e Gaza eleva risco geopolítico
Os preços do petróleo foram sustentados ao longo da semana pelo conflito entre Israel e Hamas. O governo israelense prometeu acabar com o grupo terrorista que opera no enclave, realizando intensos bombardeios aéreos, em preparação para uma invasão terrestre.
“Os indícios de uma ofensiva terrestre iminente de Israel na Faixa de Gaza deram impulso aos preços do petróleo desde ontem. O barril de Brent voltou a ser negociado acima de US$ 93. No entanto, até agora, a situação de oferta no mercado não mudou”, escreveram analistas do Commerzbank (ETR:CBKG) em um relatório.
Há preocupações de que o conflito possa se espalhar mais pela instável região, especialmente após o Pentágono afirmar que forças dos EUA interceptaram três mísseis de cruzeiro e vários drones lançados pelo movimento Houthi no Iêmen, potencialmente em direção a Israel.
Os Houthi, assim como o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano, são apoiados pelo Irã.
“Economia dos EUA permanece resiliente”, afirma Powell
Os mercados petrolíferos também foram respaldados por comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no sentido de que a economia dos EUA permanecia resiliente, incentivando apostas de que o consumo de combustível no país seguirá firme, o que foi confirmado por mais uma queda acima das expectativas dos estoques de petróleo.
Outro fator de impulso para o mercado foram os dados divulgados no início desta semana, que mostraram um bom crescimento econômico na China, maior importadora mundial de petróleo.
“Os números do petróleo também foram positivos, com refinarias na China processando um recorde de 15,5 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo em setembro”, explicaram os analistas do ING em um relatório. “Além disso, a demanda local permanece sólida, chegando a cerca de 15,2 milhões de bpd, um aumento de 3% na comparação mensal e 5% na anual. Dados esses números mais fortes, os estoques internos de petróleo caíram a uma taxa de cerca de 200 mil barris por dia no mês passado.”
(Ambar Warrick contribuiu para esta matéria. Tradução de Julio Alves)