Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo subiam nesta sexta-feira, recuperando parte das fortes perdas registradas no último pregão, mas devem registrar mais um recuo semanal, devido a preocupações com a desaceleração do crescimento econômico e seus efeitos sobre a demanda de combustíveis.
Às 11h20 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano avançava 0,86%, a US$ 85,83 por barril, enquanto o Brent se valorizava 1,14%, a US$ 91,96 por barril, no mercado futuro.
Já o contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA apresentava queda de 0,41%, a US$ 2,4195 por galão.
Ambas as referências do petróleo devem encerrar a semana com perdas de mais de 1%, terceira semana seguida de desvalorização, devido a temores de um agressivo aperto da política monetária por parte de diversos bancos centrais do mundo, o que pode prejudicar o crescimento da economia global e, consequentemente, da demanda de combustíveis.
Tanto o Banco Mundial quanto o Fundo Monetário Internacional alertaram, nesta quinta-feira, para uma iminente desaceleração econômica mundial no fim de 2022 e em 2023, o que acabou pesando sobre o sentimento do mercado.
Além disso, o relatório de inflação nos EUA desta semana, que ficou acima das expectativas, impulsionou o dólar em detrimento do mercado de petróleo, uma vez que o produto é denominado em dólares, tornando-o mais caro para compradores estrangeiros.
Os temores de uma recessão mundial fizeram com que a cotação dos barris de Brent e WTI recuasse 20% somente no terceiro trimestre, pior desempenho trimestral desde o início da pandemia de coronavírus nos primeiros três meses de 2020.
No entanto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Agência Internacional de Energia consideram que a demanda mundial crescerá entre 2% e 3% neste ano e no próximo. Isso sugere duas possibilidades: ou essas organizações precisam revisar suas projeções para baixo ou o mercado ainda tem um considerável espaço de alta.
Além disso, a oferta continua restrita.
As expectativas de um retorno do petróleo iraniano diminuíram, com o ministro da defesa de Israel, Benny Gantz, afirmando que o acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais estava “na sala de emergência”, nesta quinta-feira, uma indicação de que ele não será renovado no futuro próximo, se é que isso pode vir a acontecer.
A Opep, a Rússia e outros aliados, grupo conhecido como Opep+, também podem se incomodar com a queda dos preços, por considerar que a cotação de US$ 100 por barril é um preço justo e passível de ser absorvido pela economia global.
Isso pode fazer com que sejam discutidos cortes de produção na próxima reunião da Opep+ em outubro, sobretudo após declarações públicas da Arábia Saudita, líder de fato do cartel, no sentido de respaldar os preços antes da reunião de setembro, quando a cotação do petróleo estava mais alta do que agora.
O número de sondas da Baker Hughes e os dados de posicionamento da CFTC encerram a semana.