Por Barani Krishnan
Investing.com -- Os preços do petróleo subiram na quarta-feira depois que os dados revelaram uma queda semanal nos estoques de petróleo bruto e gasolina dos EUA.
Mas um aumento nos saldos de destilados limitou o avanço do mercado, na medida que os preços recordes do diesel sugeriam que a destruição da demanda pode ter começado no óleo do meio do barril que normalmente entra na composição dos combustíveis tão necessários para o setor de transporte comercial.
O petróleo WTI negociado em Nova York para entrega em julho fechou em alta de US$ 0,56, ou 0,5%, a US$ 110,33 por barril.
O Brent cotado em Londres com entrega para agosto estava a US$ 111,11 por barril às 15:36h, alta de US$ 0,42, ou 0,4% no dia.
Os preços do petróleo subiram após a Energy Information Administration dos EUA relatar um recuo de 1,02 milhão de barris para a semana finda em 20 de maio, além do consumo de 3,4 milhões de barris da semana anterior, até 13 de maio. Os analistas acompanhados pelo Investing.com previam um declínio de apenas 737.000 barris para a semana passada.
Do lado da gasolina, o consumo na semana passada foi de 482.000 barris, que se somaram aos 4,78 milhões de barris da semana anterior. Os analistas haviam previsto uma queda de apenas 634.000 barris.
Mesmo assim, as reservas de destilados aumentaram pela segunda semana consecutiva, de acordo com dados da EIA apontando que os preços recordes começavam a causar a destruição da demanda no commodity utilizada para a produção de diesel e outros combustíveis necessários ao transporte comercial.
Os inventários de destilados aumentaram 1,657 milhão de barris na semana passada, além do acúmulo de 1,235 milhão verificado na semana anterior.
Conhecidos como petróleo de meio barril, os destilados são refinados no diesel que move caminhões, ônibus, trens e navios, além de combustível de aviação.
O aumento em sequência nos saldos de destilados se chocam com os dados do início do ano, que mostravam consumo praticamente ininterrupto dos estoques do combustível a cada semana, à medida que o setor de transporte comercial surgia como o componente de crescimento mais robusto do mercado de combustíveis dos EUA.
O aumento nos inventários de destilados coincidiu com as máximas históricas nos preços do diesel observadas desde o final de abril, quando um galão atinge mais de US$ 6 em algumas bombas dos EUA.
"Não há dúvida nenhuma quanto a isso: a US$ 6 por galão, os caminhoneiros e outros usuários de diesel estão começando a maximizar o que conseguem de um tanque, reduzindo a queima desnecessária sempre que possível", afirmou John Kilduff, sócio do fundo de hedge energético Again Capital, de Nova York. "Isso está causando diretamente uma destruição da demanda no diesel".
Os preços do diesel - junto com os da gasolina, o combustível automotor número um dos Estados Unidos, que já atingiu valores recordes acima de US$ 4,50 por galão - começaram a subir em meados do ano passado, quando os fornecimentos globais de petróleo passaram a ser limitados em meio à recuperação econômica da pandemia do coronavírus.
Desde então, a crise entre Rússia e Ucrânia intensificou a deficiência de fornecimento em praticamente todas as formas de produtos energéticos, alavancando os preços destas commodities para recordes de vários anos em diversos países.
Nos Estados Unidos, o fechamento de inúmeras refinarias durante o auge da pandemia do coronavírus também reduziu a capacidade de refino de petróleo do país, agravando o problema.
Para aliviar a crise de abastecimento e reduzir os preços dos combustíveis – ou pelo menos impedi-los de subir cada vez mais – o governo Biden passou a fazer retiradas da reserva de emergência do país, a chamada Reserva Estratégica de Petróleo.
Na semana passada, o saldo da REP se encontrava em 532 milhões de barris, o mais baixo em quase 35 anos, à medida que o governo intensificou as retiradas semanais da reserva para seis milhões de barris, contra o total anterior de três milhões.