(Reuters) - A Polícia Federal lançou nesta sexta-feira uma operação em seis Estados e no Distrito Federal com o objetivo de desarticular uma organização criminosa supostamente liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio, que pagariam propina para a liberação de mercadorias sem fiscalização.
A PF não identificou as empresas suspeitas de envolvimento no esquema, mas reportagens na mídia citaram a JBS (SA:JBSS3) e BRF (SA:BRFS3), duas das maiores companhias globais da indústria de carnes.
De acordo com a PF, as investigações da chamada operação Carne Fraca, que seria a maior já realizada pelos policiais federais, apontaram que os fiscais recebiam propina para emitir certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
As superintendências regionais do Ministério da Pesca e Agricultura nos Estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais, acrescentou a polícia.
"Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente", disse a PF em nota.
A operação conta com aproximadamente 1.100 policiais federais para o cumprimento de 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em endereços dos investigados e de empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.
Segundo a polícia, esses números fazem da Carne Fraca "a maior operação já realizada pela PF em toda sua história".
Os mandados judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e estão sendo cumpridos nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, além do DF.
Procurada pela Reuters, a JBS disse que, até o momento, não tem informação sobre prisão de executivo da empresa.
A JBS afirmou ainda que não houve ação da PF na sede da companhia em São Paulo.
A BRF não tinha qualquer comentário de imediato sobre a ação da PF, assim como o Ministério da Agricultura.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Roberto Samora)