SÃO PAULO (Reuters) - Os preços no mercado livre de energia elétrica tiveram alta de 15 por cento entre o início de janeiro e a primeira quinzena de março, apoiados por chuvas menos favoráveis que o previsto anteriormente e por elevações na carga nos primeiros meses do ano, disse à Reuters nesta quarta-feira o diretor da consultoria Dcide, Patrick Hansen.
Ele avalia que a alta foi puxada por seguidas elevações dos preços spot, utilizados no mercado de curto prazo, conhecidos como Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).
"Neste ano a gente começou com PLDs muito baixos, e em março já estamos chegando em PLDs maiores que o máximo visto no ano passado. Isso cria um cenário para 2017 de preços maiores e isso vai contaminando as expectativas... aumenta um pouco o preço", disse Hansen.
Os contratos de energia convencional para o período entre 2018 e 2021 dispararam 15 por cento para 163,70 reais por megawatt-hora, ante 142 reais na primeira semana de 2016, segundo um boletim de preços da Dcide.
Os preços apontados pelo boletim da Dcide subiram em todas as 11 semanas do ano até o momento.
No mesmo período, o PLD do Sudeste saiu de cerca de 142 reais para 241 reais por megawatt-hora, uma alta de cerca de 70 por cento.
"Diria que começamos o ano com cenário similar ao início de 2016, só que já a partir da segunda, terceira semana do ano, o mercado percebeu que a configuração era totalmente diferente, pela hidrologia... e também há indícios de que a carga está melhor do que se esperava", apontou Hansen.
Ele disse que o cenário hídrico desfavorável, que pressiona as hidrelétricas, principal fonte de energia do Brasil, levou a aumentos ainda maiores de preços para um horizonte mais curto.
Os contratos de energia convencional para o ano completo de 2018, por exemplo, saltaram para 180 reais, ante 145 reais no início do ano, de acordo com Hansen.
Em 2016, um cenário de preços baixos atraiu um fluxo recorde de empresas para o mercado livre de eletricidade, onde os consumidores negociam contratos de suprimento diretamente com geradores e comercializadoras, ao invés de serem atendidos por distribuidoras.
Para este ano, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já prevê uma expansão menor no mercado livre, justamente devido à elevação dos preços, que torna a migração menos atrativa do que no ano anterior.
RENOVÁVEIS
O preço da energia de longo prazo para fontes renováveis, como de usinas eólicas e pequenas hidrelétricas, também disparou em 2017 e chegou 203 reais por megawatt-hora, ante 182 reais no início de janeiro, acompanhando o movimento da energia convencional.
Mas a diferença de preços entre os contratos convencionais e os de renováveis, chamados de energia incentivada, está em 40 reais, mesmo "spread" verificado no início do ano, apesar de uma alta para quase 45 reais em fevereiro.
(Por Luciano Costa)