SÃO PAULO (Reuters) - A produção siderúrgica do Brasil no mês passado recuou na comparação anual e a importação de aço pelo país voltou a saltar, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela associação de produtores da liga Aço Brasil.
As siderúrgicas produziram 2,71 milhões de toneladas de aço em julho, queda de 4,7% sobre o mesmo mês de 2022, mas acima da média dos sete primeiros meses do ano, de 2,66 milhões de toneladas.
No acumulado de janeiro a julho, o setor registra baixa de 8,6% na produção, a 18,6 milhões de toneladas, informou o Aço Brasil.
"Chama a atenção o fato de um mês com queda nas vendas internas o consumo aparente ter aumentado exclusivamente devido ao crescimento de 26,1% das importações", afirmou Marcelo de Ávila, superintendente de economia da entidade. Ele se referiu ao indicador que reúne vendas no Brasil de aço produzido no país e importado.
Segundo Ávila, as importações de aço pelo Brasil no mês passado, que dispararam 78,5% sobre um ano antes, para 481,5 mil toneladas, foram as maiores em volume desde julho de 2021.
Mais da metade das importações -- 271,1 mil toneladas - vieram da China, o maior volume de produto do país asiático importado pelo Brasil desde outubro de 2010, afirmou o executivo.
As ações da Usiminas (BVMF:USIM5) e CSN (BVMF:CSNA3), que têm produção concentrada no Brasil, recuavam entre 0,6% e 0,8% às 13h21, em linha com o recuo do Ibovespa.
As usinas, durante apresentações de resultados de segundo trimestre, já fizeram alertas sobre os volumes de importação e a pressão que esse material exerce sobre o cenário de preços do mercado interno, que atravessa um período de baixa demanda. As vendas internas de aço no Brasil em julho recuaram 8,4% sobre um ano antes, para 1,6 milhão de toneladas.
No final de julho, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, afirmou a jornalistas que o aço plano importado estava cerca de 30% mais barato que a liga produzida no país. A diferença é conhecida no setor como "prêmio" e historicamente costuma ser mantida pelas usinas em cerca de 10% para desestimular as importações.
Segundo o Aço Brasil, as importações da China estão sendo realizadas como preços abaixo do custo de produção e o setor vem travando com o governo federal discussões para aprovação de medidas de defesa comercial.
As exportações de aço em julho também recuaram, cerca de 14% sobre um ano antes, para 828,2 mil toneladas, com as usinas preferindo dedicar a produção ao mercado brasileiro diante dos fracos preços internacionais.
Na semana passada, o presidente-executivo da Gerdau (BVMF:GGBR4), Gustavo Werneck, afirmou que a companhia vai reduzir exportações do Brasil no segundo semestre para não deteriorar suas margens de lucro.
(Por Alberto Alerigi Jr.)