Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de carne bovina do Brasil aumentou 10,8% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para um volume em equivalente carcaça de 2,17 milhões de toneladas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
O volume também cresceu 13,6% em relação ao primeiro trimestre, com a China demandando mais carne no segundo trimestre após o fim de um embargo temporário, segundo dados do IBGE, que revisou para cima dados preliminares sobre o período divulgados em agosto.
Além disso, a produção de carne bovina do Brasil tem sido crescente, na medida em que o país passa por um ciclo no qual um número maior de fêmeas tem sido abatidas, o que tem pressionado os preços.
O abate de bovinos chegou a 8,36 milhões de cabeças no segundo trimestre de 2023, alta de 12,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 13,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2023.
"Houve um aumento de 23,9% no abate de fêmeas na comparação anual, com destaque para as novilhas -- fêmeas de até dois anos -- que registraram recorde em números absolutos, com 1,16 milhão de cabeças, e aumento de 40,2% em relação ao mesmo trimestre de 2022", disse o supervisor da pesquisa do IBGE, Bernardo Viscardi.
Segundo ele, as exportações de carne bateram recorde para um segundo trimestre, impulsionadas pela retomada das exportações para a China, que estavam embargadas.
Em relação ao mesmo período de 2022, 934,45 mil cabeças de bovinos a mais foram abatidas no segundo trimestre de 2023.
Preços em queda
Os preços da arroba bovina no mercado de referência do Estado de São Paulo foram cotados em agosto abaixo de 200 reais pela primeira vez em mais de três anos, segundo dados do centro de estudos Cepea, da Esalq/USP.
Com isso, o preço médio no Estado em agosto caiu mais de 20% ante o mesmo período do ano passado, registrando o menor valor em termos reais desde julho de 2018, segundo o Cepea.
"A pressão sobre os valores do animal vem tanto da oferta quanto da demanda. No campo, além do já maior volume de boi gordo e de fêmeas prontos para o abate, pecuaristas, temendo novas desvalorizações, passaram a ofertar mais lotes de animais no spot nacional", comentou o Cepea em análise recente.
Do lado da demanda, muitos agentes de frigoríficos reduziram o ritmo de aquisição de novos lotes, pelos menores preços pagos pelos chineses pela carne brasileira, segundo Cepea.
Frangos e suínos
O Brasil registrou abate de 14,08 milhões de cabeças de suínos, queda de 1,0% em relação ao mesmo período de 2022 e de 0,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2023, interrompendo uma série de comparações anuais positivas que vinham desde o segundo trimestre de 2014.
"O abate de suínos vinha batendo recordes sucessivamente, então, já era esperado que em algum momento o mercado ficasse saturado. Além disso, tem a questão da competitividade com a carne bovina, que caiu um pouco de preço e está mais acessível no mercado interno, além do próprio frango, que também está com oferta interna abundante", disse o supervisor.
Viscardi afirmou que, mesmo com essa redução, a exportação de carne suína foi recorde para um segundo trimestre e que, apesar da queda do número de cabeças, a quantidade produzida de carcaças teve um pequeno crescimento, para 1,3 milhão de toneladas, devido ao aumento do peso médio dos animais abatidos.
Os números do IBGE mostraram também que o abate de 1,56 bilhão de cabeças de frangos foi recorde para um segundo trimestre, com alta de 4,7% em relação ao mesmo período de 2022 e queda de 3,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2023.
"A carne de frango já é bastante demandada internamente pela questão do preço acessível e também tem sido demandada externamente devido aos problemas com a gripe aviária, que atrapalharam o fornecimento de outros países exportadores, mas não atingiram nenhum plantel comercial no Brasil", pontuou o supervisor.
(Por Roberto Samora)